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Tom e Jerry: O roubo de cargas e a telemetria

O Brasil, ao lado de Indonésia e Malásia, é campeão em roubos de cargas nas estradas. E incrivelmente este é um tópico muito pouco abordado pelos economistas quando se fala em atração de investimentos para o país. Em geral os especialistas apresentam análises sobre a alta carga de impostos, a legislação trabalhista, a corrupção, etc, mas quase nada sobre o risco que a infraestrutura logística brasileira traz para as empresas que querem produzir aqui.

Sem entrar no mérito da negligência do sistema de segurança pública nacional, os grandes vilões continuam sendo os bandidos. No entanto, no Brasil, os assaltos não são praticados por mera bandidagem e sim por pessoas ligadas ao crime organizado com um verdadeiro esquema de inteligência para interceptação e extravio das cargas

Na maior parte das vezes, quando um veículo é abordado por criminosos eles já sabem exatamente qual é o carregamento, quanto vale e, possivelmente, já têm até um comprador final.

Esse pega-pega entre empresas de tecnologia em segurança e os criminosos formam um verdadeiro Tom e Jerry do roubo de cargas. Enquanto um cria as mais engenhosas armadilhas para capturar seu alvo, o outro está sempre tentando escapar com táticas mais ardilosas ainda, É por isso que as tecnologias baseadas em telemetria têm se fortalecido. As informações enviadas por estes equipamentos, em tempo real, permitem não somente a prevenção de roubos, como também proporcionam uma jornada mais segura para os motoristas. Veja abaixo alguns dos principais pilares desta batalha, elencados por Daniel Schnaider, CEO da Pointer By PowerFleet Brasil, líder mundial em soluções telemetricas para redução de custo, prevenção de acidentes e roubos em frotas.

Não é apenas uma corrida tecnológica. Os criminosos usam outras abordagens, tais como a corrupção de funcionários responsáveis pela instalação do equipamento de segurança. Com informações privilegiadas sobre a prevenção aos roubos, as facções criam contra-estratégias. Frente a isso estão as empresas de telemetria que devem constantemente aumentar a demanda de funcionários ao passo que a tecnologia se populariza, bem como se precaver que nenhum deles se envolva com um grupo criminoso.


As ações criminosas se estendem além de veículos e cargas. Há também o roubo de combustível, peças automotivas e golpes piores como usar a frota para o tráfico de drogas. A telemetria é capaz de inibir atitudes como essas. Como? Com tecnologias diversas, treinamentos profissionais e gestão de excelência.

Há vidas em jogo. As estradas brasileiras matam mais do que o coronavírus e muitas guerras. O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou, em 2019, dados alarmantes que comprovam isso. A cada uma hora, cinco pessoas morrem em acidentes de trânsito no Brasil. Segundo o Ministério da Infraestrutura, 53,7% dos acidentes são causados pela negligência ou imprudência dos motoristas, seja por desrespeito às leis de trânsito (30,3%) ou falta de atenção do condutor (20,4%). Dependendo da tecnologia, os gestores de frotas podem obter desde um simples medidor de velocidade transmitido em tempo real, passando por sensores que monitoram o comportamento dos motoristas por uma inteligência artificial, sendo capazes até de reconhecer um acidente meses antes que ele aconteça, incluindo a sua gravidade. Essas são informações preciosas que podem salvar muitas vidas.

Muito além do avanço das tecnologias, talvez o mais importante seja implantar uma visão mais holística sobre as condições que o país proporciona aos seus empreendedores nas cadeias produtivas. Pois, se o país, como popularmente se diz, depende dos nossos caminhoneiros para fazer a comida chegar até a mesa, certamente está na hora de darmos um pouco mais de atenção às condições de segurança nas quais eles trabalham.

ARTIGO: Daniel Schnaider é CEO da Pointer by Powerfleet Brasil, líder mundial em soluções telemetricas para redução de custo, prevenção de acidentes e roubos em frotas. Integrou a Unidade Global de Tecnologia da IBM e a 8200 unidade de Inteligência Israelense. É jornalista, autor e economista pela universidade Haptuha de Israel e pioneiro do comércio eletrônico e pagamento digital.
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