Volvo/Divulgação |
Ao longo dos últimos anos mais de uma dezena de indústrias, voltadas para a produção de bens de capital, de capital nacional, sediadas no Estado de São Paulo quebraram ou se mudaram para outros estados, em especial do nordeste brasileiro, como Ceará, Bahia, Piauí e outros.
Outras como a Tecsis, primeira empresa a produzir pás eólicas na América Latina, que chegou a exportar, para vários países, inclusive os Estados Unidos foi sufocada, dentre outras, pela dificuldade de escoar sua produção pelo Porto de Santos e quebrou.
Uma das razões para isso, fato, aliás, para o qual poucos se dão conta, muito menos, os últimos governadores, é que não há uma rodovia moderna, em condições de receber a movimentação de cargas com PBT acima de 70,00 t; largura, acima de 5,50 m; altura, acima de 5,30 m e comprimento, acima de 30,00 m, do continente para o Porto de Santos.
A falta de um corredor de exportação para cargas especiais, com peso e dimensões, acima dos limites mencionados acima, obriga que as operações sejam feitas com a inversão do tráfego da Pista de Subida da Imigrantes, o que apresenta pelo menos dois problemas: custos operacionais elevados para inversão da pista (não inferiores a R$ 20.500,00) e limitação do tráfego ao período noturno e apenas de segunda a quinta-feira, o que limita muito a oferta de transporte, e, em períodos com maior demanda, a riscos de perda do navio, multas elevadas e aumento dos custos para se produzir em São Paulo.
O problema, contudo, não se limita ao sistema Anchieta/Imigrantes, a maioria das rodovias pedagiadas acabam, por falta de regramento, criando grandes dificuldades para o trânsito de veículos transportando bens industriais, máquinas, equipamentos, transformadores e outros itens com peso e/ou dimensões excedentes.
O Sistema formado pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes, dois corredores igualmente essenciais, também cria muitas restrições ao trânsito de veículos de transporte de cargas excedentes. A concessionária AUTOBAN, ao arrepio da legislação vigente (Portaria 64/16 do DER) limita por conta própria o trânsito dessas cargas apenas ao período noturno, o que gera tremendo aumento de custos e reduz o volume de cargas que podem ser transportadas diariamente.
A limitação ao trânsito de cargas excepcionais pela AUTOBAN, além do aumento de custos e redução da oferta de rodovia, acaba gerando a necessidade do acompanhamento das cargas por Escolta Policial, diga-se de passagem um prestação de serviço cada vez mais escassa.
Como se sabe, não existem batedores policiais dedicados, ou seja uma companhia de policiamento rodoviário apenas para escolta de cargas excepcionais. O policial que faz escolta de cargas é o mesmo que atende às demais demandas da rodovia, com prioridade claro, às últimas. Assim, não é raro o cancelamento ou adiamento da operação pela impossibilidade do comparecimento ou comparecimento com atraso da viatura de escolta policial, ficando, obviamente, todos os custos de mobilização do conjunto transportador, de equipes de batedores credenciados e outros profissionais sobre os ombros da transportadora.
O fato é que não há qualquer justificativa técnica ou operacional para a AUTOBAN limitar todo dia e durante todo dia o trânsito diurno de cargas excedentes, assim como não há qualquer justificativa para concessionárias de rodovias do interior do estado limitarem por conta própria o trânsito de veículos transportando cargas excedentes durante vários dias durante feriados prolongados.
Tudo seria mais simples, se concessionárias, como a AUTOBAN, no estrito cumprimento da Portaria 64/16 do DER, programassem os transportes para o período diurno, sem a necessidade na maioria dos casos, de escolta policial.
O fato, como se vê, é que no estado de São Paulo, apesar do mesmo apresentar a melhor infraestrutura rodoviária do país, há muitas oportunidades para melhorias, para aumento da eficiência e produtividade de quem produz ou quer produzir por aqui.
Para isso é preciso um maior envolvimento da Secretaria de Logística e Transporte para modernização do DER, profissionalização da ARTESP, investimento em digitalização dos processos de concessão de AET, fiscalização e rastreamento dos transportes, para simplificação de processos e melhoria da segurança jurídica para se produzir e transportar no estado.
Nunca é demais lembrar que se o estado não está melhor equipado para garantir condições adequadas para o transporte de cargas, que dependem de autorização especial de trânsito e de mais e melhor suporte operacional, não é por falta de recursos, já que o estado cobra e permite cobrar uma das taxas mais elevadas do mundo para essa atividade.
É provável que o governador e o secretário de transportes não saibam, mas para o transporte de um transformador, que é uma das últimas cargas industriais importantes fabricadas no estado, dependendo da origem da carga, o valor despendido só com taxas e tarifas, pode chegar fácil a mais de R$ 300 mil, o que convenhamos, é um assombro.
Talvez o maior equívoco das políticas dos governos do PSDB para o transporte de cargas no estado de São Paulo é a aposta apenas na privatização das rodovias a preços abusivos, sem nenhum compensação dos impostos pagos, tampouco de melhorias na prestação dos serviços prestados às transportadoras com a crença de que rodovias em bom estado de conservação é tudo, resolve todos os problemas. Não resolve.
A LOGISPESA
Associação Brasileira de Logística Pesada, que reúne mais de 80 empresas especializadas nesse segmento, se coloca à disposição do Governador João Dória e do Secretário João Octaviano para ajudar no que for necessário e trabalhar junto para o endereçamento e solução dos problemas apontados.
FONTE: LOGISPESA
FONTE: LOGISPESA