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Prefeitura de Belo Horizonte restringirá o tráfego de caminhões no Anel Rodoviário

A Prefeitura de Belo Horizonte, Minas Gerais, anunciou nesta segunda-feira (21) novas medidas com o objetivo de reduzir acidentes no Anel Rodoviário, via que corta a capital mineira e interliga as principais rodovias do estado, a BR-040 e a BR-381.
As ações foram definidas após uma reunião com a participação do presidente da BHTrans, Célio Bouzada, e representantes da Concessionária BR-040 S.A. (Via 040), da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar Rodoviária e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 
De acordo com o Prefeito Alexandre Kalil, a solução emergencial encontrada para os frequentes acidentes no trecho é a restrição ao tráfego de caminhões pesados. “É um primeiro passo para acabar com a matança no Anel Rodoviário. Estou muito feliz pela iniciativa da ANTT, da concessionária VIA040, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar Rodoviária, que se sensibilizaram sobre o tema. Depois de anos e anos de descaso e desprezo, esse pessoal sabe da importância de estarmos engajados para resolver o problema”, afirmou.
Segundo prefeito, a partir desta quarta-feira (22), um grupo de trabalho vai começar a estudar os melhores horários para a restrição do trânsito desses veículos, especialmente em trechos considerados mais perigosos, como o que se localiza entre os bairros Olhos D’água e Cidade Industrial. Também será estudada a construção de áreas de escape ao longo do Anel.
A medida anunciada pela prefeitura é vista com bons olhos por grande parte da população belo-horizontina, mas sem levar em consideração o impacto da restrição ao transporte rodoviário de cargas. Entretanto, a mesma medida esbarra em uma série de fatores quem pode impedi-la de ser colocada em prática. Confira: 

1- Via sob responsabilidade do DNIT: Apesar disso, o órgão não participou e nem se quer foi convidado para a reunião desta segunda-feira. Em nota, a própria ANTT observa que o Dnit é quem pode implementar as ações. Questionada, a PBH não explicou porque excluiu o órgão.

2- Falta de rotas alternativas: O Anel rodoviário é a única via na capital mineira que interliga as rodovias BR-040 e BR-381, portanto, caminhoneiros de todo o país que chegam, saem ou apenas estão de passagem pela capital mineira são obrigados a utilizar o trecho. Além da ausência de uma rota alternativa, a região metropolitana de Belo Horizonte, não conta com uma estrutura adequada e suficiente para acomodar os caminhões que aguardarem o fim do período de restrição. 
Segundo o Presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito (IBS), David Duarte Lima, a medida pode fazer com que dezenas de caminhoneiros decidam esperar nos acostamentos, o que aumenta a chances de engarrafamentos e de novos acidentes. 
3- Prejuízos ao transporte rodoviário de cargas: Levantamentos da Polícia Militar Rodoviária mostram que cerca de 160 mil veículos circulam diariamente no Anel Rodoviário. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Setcemg), desse montante, 12% são veículos de carga, o que corresponde a cerca de 20 mil caminhões diariamente.
A restrição a esse elevado número de veículos pesados tem como principais consequências, aumento dos custos, atraso nas entregas, encarecimento das mercadorias, risco de roubo de carga e aumento dos gastos com motorista.
O Setcemg estima que um veículo parado, sem carga, significa um prejuízo médio de R$ 50 por hora. O valor é alterado de acordo com a mercadoria que estiver sendo carregada. 

4- Questão jurídica: A ausência do DNIT nas reuniões e em todo o processo de elaboração do quadro de restrições, impede que a medida seja colocada em prática. Além disso, caso a restrição seja efetivada, haverá a possibilidade de recurso na justiça por parte dos transportadores, uma vez que fere os princípios da igualdade e da livre circulação de pessoas e bens, previstos na Constituição.

Confira oito problemas encontrados no Anel Rodoviário de Belo Horizonte 

1- Estreitamento de pistas 
2- Redução de faixas (De três para duas)
3- Grande fluxo de travessia de pedestres 
4- Ocupações irregulares 
5- Falta de acostamentos em vários trechos 
6- Afunilamento de pista próximo a radares 
7- Descidas acentuadas 
8- Alta velocidade dos condutores 

TEXTO: Lucas Duarte
Blog Caminhões e Carretas 
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