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Distribuição correta de cargas mais do que uma necessidade, uma questão de segurança

A segurança nas estradas não está ligada somente às boas condições das vias ou do caminhão. Existem diversos outros fatores que interferem nessa variável e que precisam ser levados em conta na hora de seguir viagem. 
Nesse sentido, um dos pontos de atenção deve ser a correta distribuição das cargas nos veículos, a fim de garantir uma viagem segura e econômica. Quando a distribuição das cargas não é adequada, são inúmeros os prejuízos para o motorista ou transportadora, que vão desde a sobrecarga nos eixos, desgaste prematuro componentes, como os pneus, freios, eixos, molas, amortecedores etc., até o aumento do consumo de combustível, sem falar da má instabilidade do veículo. 
“A distribuição e amarração corretas das cargas nos caminhões são fatores responsáveis por manter a segurança dos veículos comerciais nas estradas. Os veículos são projetados para trabalhar e oferecer o melhor desempenho, considerando tolerâncias nas condições de uso. A falta de controle na distribuição da carga prejudica a suspensão dos caminhões, o espaço de frenagem, balanceamento e manutenções em gerais. Tudo isso pode comprometer ainda a estabilidade e dirigibilidade do veículo. Além do caminhão, a má distribuição da carga provoca danos na pavimentação das estradas, devido à sobrecarga e à ocorrência de acidentes envolvendo veículo e pessoas”, reforça Ricardo Yada, supervisor de Marketing de Produto – Caminhões, da MAN Latin America.
Na verdade, quando a carga está devidamente colocada, o centro de gravidade distribui igualmente os pesos entre os pneus dianteiros e traseiros, não danificando o caminhão. 
Yada lembra que, atualmente, existem no mercado cálculos de distribuição de carga por eixo, que são realizados para indicar a melhor distribuição de acordo com o centro de gravidade da carga. 
“Da mesma forma, a amarração da carga também é um item igualmente importante para o transporte rodoviário. A correta amarração evita que a carga sofra movimentos na carroceria em curvas acentuadas ou freadas bruscas de emergência durante uma viagem. Esses movimentos podem comprometer a distribuição e, nos piores casos, arremessar a  carga para fora do veículo, podendo provocar acidentes mais graves, como o tombamento do caminhão”, lembra Yada.

Erros comuns
Em se tratando de distribuição e amarração de cargas, os erros mais comuns registrados ocorrem, principalmente, pela falta de conhecimento do caminhoneiro ou transportador, despreparo na utilização dos equipamentos de amarração de carga, como correntes de aço e cintas de poliéster, e vícios adquiridos ao logo do tempo. Muitos motoristas ainda insistem em justificar alguns “vícios” com a conhecida frase: “eu sempre amarrei a carga dessa forma e nunca aconteceu nada comigo”.
“A correta distribuição/amarração de carga contribui para que o material transportado não sofra nenhuma avaria e trafegue no modal sem interferências. Quando se tem a distribuição correta de peso sobre os eixos do caminhão, o veículo fica adequado para trafegar conforme padrão estabelecido nas rodovias, evitando multas e sobretaxas. Porém, o maior benefício de uma correta distribuição de cargas é a segurança na operação, a salvaguarda da vida humana, principalmente”, destaca Gustavo Cassiolato, diretor da Rigging Brasil.
Além da proteção à vida e diminuição de acidentes, o planejamento da distribuição de cargas ajuda a reduzir o valor do seguro.
“No estudo para amarrar a carga corretamente são levantados os materiais adequados para se promover uma amarração segura, fazendo com que o cliente não tenha nenhum problema e, consequentemente, nenhum sinistro. Esse tipo de trabalho diminui o volume de sinistros, assim como a negativação do cliente pelas seguradoras. Além disso, tal ação é um indicativo de que a empresa se preocupa com a qualidade do transporte oferecido, gerando uma melhor avaliação pelas seguradoras”, explica Cassiolato.
Segundo ele, como cada carga possui características diferentes, é fundamental que no planejamento se estabeleça sempre um modelo de amarração de carga para cada tipo de material a ser transportado. “Caso haja no mesmo transporte mais de uma mercadoria, pode-se utilizar um mix de dispositivos, fazendo com que a estabilidade e a segurança da fixação sejam preservadas”, recomenda o diretor.
O que analisar na distribuição das cargas
De acordo com o diretor da Rigging Brasil, na operação de distribuição das cargas existem pontos fundamentais que precisam ser analisados:

Distribuição do peso
O centro de gravidade deve ser tão baixo quanto possível, de modo a se obter a melhor estabilidade possível quando o veículo trava, acelera ou muda de direção. 
As mercadorias pesadas, em particular, devem ser colocadas o mais baixo e o mais perto possível do centro da plataforma do veículo. 

Resistência da embalagem
A carga com embalagem pouco resistente é, geralmente, leve. Por esse motivo, as cargas com embalagens mais frágeis podem ser, normalmente, colocadas nas camadas superiores sem criarem problemas de distribuição de peso. Se isso não for possível, a carga deve ser separada em diferentes seções de carga.

Travamento
Utilizando uma combinação adequada de vários tamanhos de embalagens retangulares, é possível obter com facilidade um sistema de travamento satisfatório contra o painel de proteção da cabina, os painéis laterais e o painel traseiro.

Material de enchimento 
Os espaços vazios que possam resultar das diferenças de tamanho e de forma das unidades de carga devem ser preenchidos, a fim de proporcionar sustentação e estabilidade suficientes à carga.

Paletização 
As paletes permitem que partes individuais da carga e mercadorias de dimensões e natureza idênticas possam constituir unidades de carga. A carga em paletes pode ser manuseada mais facilmente por meios mecânicos, o que reduz o esforço necessário para manusear e transportar. 

Melhor aproveitamento do transporte
Atualmente, existem no Brasil carrocerias específicas para o transporte rodoviário, que são projetadas para oferecer o máximo de segurança e maximização de carga para o melhor aproveitamento do transporte. 

Bebidas ou líquidos em geral
Para o transporte desse tipo de mercadoria, normalmente, utilizam-se tanques. Nesse caso, a atenção deve ser sempre para o volume ocupado, onde espaços vazios dentro dos tanques podem fazer com que a carga mova-se ao se acelerar, desacelerar ou mudar de direção o veículo. O comportamento dinâmico do veículo é afetado e pode tornar-se instável ao ponto de ficar incontrolável e causar um acidente, como, por exemplo, o capotamento do veículo.  

Medicamentos
Medicamentos são cargas muito frágeis, que, na maioria das vezes, são armazenadas em embalagens com maior resistência e preenchidos com materiais específicos, como sacos de ar, papéis, isopor, entre outros. Sendo assim, deve-se promover uma amarração nas embalagens que possuem maior resistência.

Alimentos sólidos
Iguais aos medicamentos, porém, nas embalagens toda a caixa é preenchida, apresentando a informação da capacidade máxima para empilhamento.

Vidro
Para pequenas quantidades, dispositivos metálicos são chumbados à carroceria dos caminhões (normalmente, pickups e vans) com a utilização de mantas de borracha e feltros, para evitarem o contato das peças e aumentarem o atrito entre elas. Deve-se transportar os mesmos em pé com uma inclinação muito pequena.

Veículos
A resolução do Contran 305 informa que os caminhões “cegonheiros” devem possuir um sistema composto por cintas de amarração, porém, não especifica as características que devem ser adotadas. Com isso, o que se vê são muitos casos de materiais inadequados sendo utilizados para fixar os carros nas carrocerias. Estes veículos devem possuir pontos de amarração adequados em termos de número, posição e resistência.

Cargas indivisíves
Cargas indivisíveis possuem uma particularidade. Cada tipo de carga tem uma dimensão específica e, consequentemente, um centro de gravidade diferenciado que deve ser levado em consideração para poder analisar a amarração adequada.
Esse tipo de carga, normalmente, vem acompanhada por um manual de amarração ou por um projeto de amarração de carga, em que o fabricante do equipamento indica a posição adequada e os dispositivos necessários para se garantir o transporte correto do material.
“Está para ser regulamentado um curso obrigatório a condutores de veículos de cargas indivisíveis. Um dos temas abordados é a amarração de cargas. Esse curso irá contribuir para uma considerável evolução do conhecimento dos condutores e oferecer maior segurança as operações”, revela Gustavo Cassiolato, diretor da Rigging Brasil.

Carga viva
O Código de Trânsito Brasileiro não permite o transporte de aves, cavalos e bovinos, suínos, ovinos e caprinos em camionetas. O veículo deve sempre possuir as devidas ventilações no compartimento do animal, isso em caso de baús. Em caso de gaiolas, deve-se cobrir com lonas para evitar chuvas e insolações. Não é executado nenhum tipo de amarração de cargas, porém, as medidas adotadas para garantir uma maior estabilidade do animal no veículo são: promover um piso antiderrapante e acondicionar o animal em um local com dimensões próximas as suas para auxiliar o escoramento do mesmo no transporte.

Chapas metálicas planas
Quando são transportadas chapas ou folhas laminadas de vários tamanhos, as de menor dimensão devem, normalmente, ser carregadas em cima e na parte da frente do veículo contra o painel de proteção da cabine ou outro dispositivo de travamento, de modo que não possam oscilar frontalmente.
As chapas metálicas “oleadas” devem ser agrupadas. Para efeitos de condicionamento da carga, estes grupos devem ser tratados como caixas comuns. As chapas planas podem, por vezes, ser carregadas e fixadas nos paletes. A quantidade e o espaçamento podem variar de acordo com as dimensões e peso das chapas metálicas.

Tratores
O transporte de tratores pode ser feito por meio de reboques ou semirrreboques, contendo dispositivos para fixação no piso, além de rampa para carga e descarga. Normalmente, os equipamentos possuem uma marcação de onde deve ser executada a amarração da carga, porém, normalmente, não são utilizados equipamentos específicos para essa finalidade – subdimensionando o sistema.
FONTE: Na Boléia 
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