Facchini

Nova safra recorde puxará vendas de caminhões

A transformação da economia agrícola internacional e seus impactos na indústria de caminhões foram os temas que nortearam Alexandre Mendonça de Barros, sócio-consultor MB Agro, e Tereza Maria Fernandez Dias, diretora da MB Associados, no painel "O futuro da distribuição em caminhões", apresentado na quinta-feira, 7, durante o 23° Congresso Fenabrave. "Houve uma inversão da condição que tivemos nos últimos cem anos, de predomínio da oferta de commodities agrícolas, para um cenário totalmente diverso, em que a demanda passou a ser o driver do mercado", explica Barros. "A necessidade por alimento é hoje maior do que a capacidade produtiva."
Um dos fatores determinantes para este drástico aumento de demanda é a migração das populações, que antes viviam da agricultura de subsistência, para os aglomerados urbanos. E, com isso, passaram a depender da produção de outrem. Países como China e Índia são exemplos desse êxodo que, com verdadeiras populações mudando para os grandes centros, transformaram a economia agrícola de como fora no último século. Por outro lado, alimentando a fome dessa população que cresce vertiginosamente, está o Brasil, comemorando um recorde após o outro na colheita de grãos. A perspectiva para o período 2013/2014 é de 200 milhões de toneladas, contra 185 milhões da safra 2012/2013.
E boa parte do caos logístico instalado no Brasil está, justamente, nesses números. "A logística é tão complexa e complicada que derruba o preço no produtor. Ele é obrigado a baixar para vender, para ter competitividade no mercado internacional", ressente Barros, sobretudo quanto ao uso do caminhão como silos "que não existem em quantidade suficiente".
Ganham com isso os empresários do setor de transportes, em especial de vendas de caminhões e implementos rodoviários, que sentem no bolso a rentabilidade de sucessivas boas safras. A agricultura, de acordo com a diretora da MB, Tereza Maria Fernandez Dias, vai aquecer pelos próximos anos a indústria, aliada a outros setores que também terão impacto nas vendas, principalmente de veículos semipesados e pesados, como transporte e logística, construção civil, em função do enorme déficit habitacional ainda vigente no País, e produção sucroalcooleira. "Nossa expectativa é de crescimento na faixa dos 2,5% ao ano nos próximos dez anos do PIB brasileiro. Com esse cenário se concretizando, apostaria em algo entre 60% e 70% de incremento nos números absolutos de vendas de caminhões e implementos até 2023."
E mesmo que a queda vertiginosa de exportações no segmento de mineração, muito por conta da "mudança do modelo de desenvolvimento da China, agora mais focado em investimento interno e consumo doméstico", Tereza mantém as projeções positivas: "Obras de infraestrutura para rodovias, portos, aeroportos e ferrovias também devem ser grande filão de negócios. A estrutura logística do Brasil como está não pode mais ficar, precisa melhorar. Nos próximos cinco anos acredito que haverá muita movimentação nesse sentido, o que vai pedir caminhões."
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