Facchini

Saiba mais detalhes sobre os caminhões gigantes da Vale

















 Quem visita as minas de ferro da Vale em Carajás, no sudeste do Pará, tem a impressão de que está numa terra de gigantes. Nas ruas com o dobro da largura convencional, onde placas de sinalização e semáforos estão instalados a 10 metros de altura, circulam 105 caminhões fora de estrada. Quem se depara com um deles pela primeira vez fica impressionado. Com oito metros de altura, 15 metros de comprimento e rodas que têm o dobro do tamanho de uma pessoa, esses caminhões têm capacidade para transportar até 400 toneladas – o mesmo volume de um avião Boeing 747, que leva em média 415 pessoas. Em um dia, a frota movimenta 800 mil toneladas de carga, suficiente para encher o estádio do Maracanã em apenas 24 horas.
O caminhão fora de estrada é um tipo de equipamento que só pode ser encontrado em lugares como as minas de ferro da Vale. Para entrar em um deles é preciso fazer esforço. A cabine do operador, como são chamados os 525 motoristas do caminhão, encontra-se no alto de uma íngreme escada de 16 degraus. Dentro dela, o conforto é total: banco ergométrico para não cansar o operador (e um improvisado para os caronas), ar-condicionado (num local onde a temperatura faz, em média, 32º Celsius) e duas telas de computador. Elas trazem dois tipos de informação: a primeira é a missão do dia. Ou seja, para qual frente de exploração o operador deve se dirigir. A segunda transmite imagens captadas por uma câmara instalada na parte traseira do veículo e que ajuda o operador a dirigi-lo.
À primeira vista, operar um caminhão fora de estrada não parece difícil. A direção é hidráulica, e o veículo é semi-automático – ou seja, não é preciso pisar na embreagem para trocar de marcha. A velocidade também não assusta: ele atinge apenas 40 quilômetros por hora. A dificuldade está nas dimensões. “A visibilidade é muito ruim”, diz Ádila de Oliveira, 23 anos, que é operadora de caminhão fora de estrada há três anos e que não tinha carteira de habilitação quando foi contratada para trabalhar na Vale. “Às vezes não dá para ver se tem alguma coisa perto do veículo”. O problema de visibilidade já resultou em acidentes. Em 2007, um trabalhador morreu ao ser atropelado por um caminhão fora de estrada dentro de uma mina.
Para evitar acidentes, a Vale tomou uma série de providências. As camionetes que circulam dentro da mina precisam ser munidas de equipamentos de segurança, como giroflex (a luz que fica piscando em cima de carros de polícia) e bandeirolas amarelas presas em hastes de 10 metros de altura e que têm pequenas lâmpadas nas pontas. O motivo? Ajudar os operadores de caminhões fora de estrada a visualizá-los nas ruas e, assim, evitar acidentes. Nos próximos meses, a empresa vai instalar sensores de distância nos caminhões, como aqueles que ajudam motoristas a estacionar seus carros. Tudo para que os operadores possam conduzir os caminhões fora de estrada com mais segurança.
Antes de entrar num caminhão fora de estrada, o operador passa por um treinamento. Além de aulas teóricas, o candidato é submetido a 16 horas dentro de um simulador. Com três telas e um cockpit que simula a cabine, ele lembra um videogame. O banco mexe de acordo com o terreno e a cada erro uma mensagem em vermelho aparece no meio da tela. O aspirante a operador precisa realizar tarefas, como carregar o caminhão. Para ser aprovado, a nota exigida é alta: 86% de acerto. “Além de ser o primeiro contato do operador com o veículo, o simulador ajuda a corrigir deficiências”, afirmou Thalisson Lopes, instrutor de equipamento de mina. “Se ele não sabe manobrar ou bascular ele passa por uma espécie de recuperação”.
Nos próximos meses, candidatos a operadores devem passar pelo teste do simulador. Isso porque a frota de caminhões fora de estrada na mina de Carajás vai ganhar reforços em 2011. A Vale anunciou em maio a compra de 14 novos equipamentos ao custo de US$ 100 milhões. Fabricados pela alemã Liebherr, eles têm capacidade para até 400 toneladas de carga e vinham sendo testados pela Vale desde o ano passado. Com a chegada dos novos caminhões, a capacidade de transporte de carga vai aumentar 20%, chegando a mais de 30 mil toneladas por dia.
FONTE: IG
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