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Mulheres caminhoneiras: como enfrentar o preconceito nessa profissão?

Querendo ou não, a nossa sociedade se acostumou a associar a profissão de caminhoneiro aos homens. É verdade que eles são maioria absoluta ainda nessa carreira, mas aos poucos as mulheres começam a ganhar o seu espaço. Afinal, para se sentar ao volante e dirigir muito bem pelas estradas do Brasil, não é o fato de ser homem ou mulher que vai fazer a diferença, não é mesmo?
Porém, muitas pessoas ainda veem de forma curiosa – e até mesmo preconceituosa – a ideia de um número cada vez maior de mulheres assumindo a boleia. As características da profissão sempre fizeram dela uma espécie de “Clube do Bolinha”: viagens longas e cansativas, veículos pesados e necessidade de descarregar itens pesados em muitas localidades.

Preconceito na estrada?
Se engana quem imagina que as mulheres que decidem pegar a estrada são sempre solteiras. Assim como no caso dos homens, há mulheres casadas e com filhos que fazem da vida na estrada a sua profissão. Em linhas gerais, há mais curiosidade do que preconceito com relação ao fato de elas assumirem essa profissão.
Muitas delas contam que na estrada, por exemplo, muitos caminhoneiros mais experientes são solícitos em dar dicas e apresentar alguns detalhes de como funciona a profissão. Entretanto, como em qualquer meio, sempre há aquelas “laranjas podres”. Nesse caso, falamos dos homens que não entendem que o sexo não tem absolutamente nada a ver com o exercício da profissão e ainda insistem em fazer gracinhas ou serem desrespeitosos.

Porcentagem de mulheres ainda é pequena
Se há algumas décadas vermos mulheres nessa profissão era algo impensável, hoje esse número não para de crescer, apesar de ainda ser tímido. Estima-se que menos de 10% dos profissionais que trabalhem na estrada hoje com um caminhão sejam mulheres. Em algumas empresas, o número de motoristas do sexo feminino pode chegar a 20%, mas ainda há muito espaço a ser conquistado.
Segundo dados do Detran, hoje são 176 mil mulheres habilitadas para a direção de caminhões no Brasil, sendo que apenas 13,7 mil delas estão aptas para dirigir carretas. Os números são do ano de 2015 e provavelmente já devemos ter índices maiores a essa altura de 2017, mas ainda assim elas são minoria absoluta nessa profissão.

Prudência é um diferencial
Outro ponto bastante interessante e que merece ser destacado é o que diz respeito ao comportamento de homens e mulheres na estrada. Os homens têm uma tendência natural a serem mais confiantes com o passar do tempo, o que faz com que cometam erros mais básicos por pura falta de atenção ou mesmo por excesso de confiança.
Já as mulheres desde sempre são mais cuidadosas e precavidas, de forma que acabam se envolvendo menos em acidentes ou, ainda, se colocando menos em situações de risco. A prudência das mulheres ao volante, algo que pode ser visto nos carros no dia a dia, também pode ser vista na estrada e esse pode ser um diferencial e tanto para 0 transporte de certos tipos de cargas.
Infraestrutura ainda não está adaptada
Uma reclamação recorrente das mulheres que estão na estrada é a falta de infraestrutura adaptada para elas. É o caso, por exemplo, de muitos pontos de parada, que não dividem espaços entre homens e mulheres e fazem com que elas tenham que se misturar a eles, muitas vezes a contragosto, para que possam dormir ou ir ao banheiro.
Se por um lado as empresas estão abrindo os olhos para a possibilidade de contratar mulheres para a direção, por outro há muitos pontos na estrada que ainda não se deram conta de que elas são cada vez mais numerosas e, por conta disso, é preciso que alguns cuidados sejam tomados no sentido de se oferecer a melhor estrutura possível.

Não importa o tipo de caminhão: elas podem
Muitas mulheres relatam que no começo as coisas podem parecer um pouco assustadoras. Os caminhões não são nada delicados e é preciso que haja um tempo de adaptação à profissão. É diferente no caso dos homens, por exemplo, que desde cedo já são mais habituados a lidar com veículos maiores, especialmente por conta da forma de criação dos pais.
Porém, superado o tempo de adaptação, e tendo elas a documentação em dia – seja a carteira D ou os demais cursos necessários para cada tipo de caminhão –, esse se torna um mundo em que qualquer uma pode participar sem maiores problemas. Seja um caminhão munck, uma carreta ou qualquer outro tipo de veículo, elas podem assumir o comando e fazer bonito na hora do trabalho.

Mulheres nos caminhões também nas cidades
Além das “estradeiras”, há vagas para as mulheres que queiram dirigir caminhões também nas grandes cidades. Muitas vezes pensamos na profissão de caminhoneiro como sendo uma exclusividade daqueles que viajam pelo Brasil cortando as estradas. Na verdade, há boa parte dos profissionais que estão alocados mesmo nas grandes cidades.
É o caso daqueles que fazem pequenos transportes em regiões próximas ou dirigem na locação de caminhão munck e betoneiras. Para todas as oportunidades há um espaço aberto para as mulheres que queiram fazer do volante a sua profissão. Elas são cada vez mais numerosas e têm espaço para crescer muito mais. Será que em breve poderemos ver as mulheres dividindo essa profissão de igual para igual com os homens?
FONTE: Munckmaq
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