Facchini

BR 163: o retrato do caos logístico nas estradas do país

Indignados com a falta de apoio tanto das empresas contratantes quanto do governo federal, em relação a situação enfrentada nos trechos não pavimentados e totalmente intransitável, no trecho da BR 163 entre as comunidades de três Bueiros e Caracol pertencentes ao Distrito de Trairão no Pará, os caminhoneiros extremamente revoltados com o descaso ameaça segurar os caminhões de combustíveis.
Uma verdadeira fila indiana encostada às margens da BR foi formada entre graneleiros, câmara fria e outras cargas. A estimativa entre os motoristas  é que  entre dois a três mil caminhões esteja parado.
"Não sabemos porque as transportadoras ainda estão dando ordens para esses caminhões carregarem para cá sabendo que a situação aqui está caótica. Tem  gente passando fome, sede, pessoas sem roupa limpa porque estão embarcando produto de lá para cá", diz um dos caminhoneiros.
Segundo os trabalhadores, a situação geral é de total abandono. "Bebi água da chuva dois dias, por falta de recursos. Temos a impressão que estamos largados aqui e ninguém sabe o que está acontecendo",  desabafa  Carlos Alan flores um motorista que demorou cerca de nove dias para fazer o trajeto de 35 km.
"Tem caminhoneiro aqui lavando roupa na enxurrada, usando a água acumulada da lona para se hidratar e não chega assistência", diz o caminhoneiro Jorge Inácio da silva.
Outro fator preocupante são as cargas perecíveis, que estão estragando nos caminhões. Os veículos estão carregados com soja, milho, hortaliças, entre outros. "O óleo que abastece o aparelho de refrigeração acabou e faz dez  dias que estou parado", afirma o caminhoneiro de câmara fria carregado de repolhos.
Outro trasnportador fala sobre os estragos que a situação gerou. "Em uma semana não consegui andar vinte quilômetros". Carregado de soja de Mato Grosso com destino ao porto, ele diz que está os grãos estão fermentando e o mal-cheiro em cima do caminhão já começa a incomodar. "Tem pé de soja nascendo em cima dos caminhões", diz.
Na mesma situação está Eugênio Eustáquio, que  é motorista graneleiro está com o caminhão carregado de soja tentado levar para o porto de Miritituba. Ele está parado há quinze dias no atoleiro e os grãos já começaram a estragar. "Ouvimos um boato que o exército viria para cá nos dar assistência, com comida e água, mas até agora ninguém apareceu. Estamos aqui em pleno abandono, pedindo socorro".
FONTE: Canal Rural 
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