O exame toxicológico para verificar consumo de drogas por parte de motoristas profissionais das categorias C, D e E realizado durante uma blitz educativa no Anel Rodoviário, na altura do bairro São Francisco, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, revelou que a cocaína e a maconha já são mais usadas pelos condutores do que a anfetamina, conhecida popularmente por rebite. A pesquisa foi divulgada durante o “Café com Palestra”, na manhã desta terça-feira (15).
De acordo com a pesquisa, dos 104 motoristas que aceitaram participar do teste voluntariamente, 4,81%, fizeram uso da cocaína. A segunda droga mais usada foi a maconha, com 0,96%, dos condutores que passaram pelo teste.
“Nos dois dias de blitz, 22 e 23 de fevereiro, não houve nenhum registro de motorista que tenha usado rebite ou ópio. Acreditamos que o valor mais baixo e o fácil acesso a essas outras duas drogas são responsáveis por essa mudança”, explicou o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa.
Ainda segundo o documento, dos motoristas que usaram drogas, 60% possuem indicação de dependência química.
“A realização do exame também é importante para identificar se o motorista faz uso constante ou eventual de drogas. Se ele está no começo do vício, a possibilidade de tentar uma recuperação é maior”, contou Costa.
O evento também contou com advogados que prestaram esclarecimentos em relação a obrigatoriedade da realização do exame no momento da contratação de motoristas pelas empresas.
“Uma decisão do Ministério do Trabalho obriga que qualquer novo motorista passe pelo teste. A empresa deve pedir. Caso não seja feito, o empresário é advertido e tem o prazo de 90 dias para regularizar a situação. Se o problema não for resolvido, a empresa pode ser multada”, alertou o presidente.
A obrigatoriedade do teste no Brasil começou a valer no dia 2 de março. No entanto, em Minas Gerais ele foi suspenso após o Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) receber uma recomendação do Ministério Público (MP).
No mesmo dia, por meio de nota, a Polícia Civil informou que não existirá à obrigatoriedade uma vez que o MP considerou alto o custo do exame, além de questionar a eficiência do teste, uma vez que não há provas que a medida poderia impactar na redução de acidentes.
No entanto, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), órgão máximo executivo do Sistema Nacional de Trânsito, afirmou não ter conhecimento da suspensão e chegou a alertar que carteiras de habilitação não serão emitidas ou renovadas se o exame toxicológico não tiver sido feito. Na época, o órgão também ressaltou que o exame só pode ser suspenso por determinação judicial.
Nesta terça, a assessoria de imprensa do Detran informou à reportagem de O TEMPO que continua seguindo a recomendação do MP. Até a próxima sexta-feira (18), a diretora do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran/MG), delegada Rafaela Gigliotti, participa de um congresso, em São Paulo, com representantes de todos os Detrans para discutir uma solução para o problema.
Outros dados
A pesquisa realizada nesta sexta apontou que dos motoristas abordados, 84% afirmaram cumprir a escala de trabalho, com 44 horas semanais, 13% disseram que não e 8% não responderam.
“Durante a semana, o motorista precisa descansar 11 horas. Contanto com a hora extra, ele pode trabalhar até 12 horas por dia”, finalizou Costa.
FONTE: O Tempo
FONTE: O Tempo