Facchini

Aumento das tarifas de escolta da PRF vai pesar sobre custos do setor eólico

As geradoras de energia eólica estão preocupadas com um aumento dos preços dos serviços de escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A elevação das tarifas em até 950% afeta diretamente os custos do setor, que contrata batedores devido ao tamanho das pás.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) se reuniu ontem com seus associados para debater o assunto e discutir possíveis saídas. Segundo o diretor técnico da entidade, Sandro Yamamoto, o próximo passo será a organização de um estudo que deverá ser entregue ao Ministério da Justiça para pedir a revisão do aumento.
A portaria 1.070, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, promoveu uma elevação das tarifas cobradas pelos batedores da polícia federal para R$ 16,07 por cada quilômetro rodado por unidade rodando a 30 quilômetros por hora. Em 1996, quando foi publicado o reajuste anterior, o preço não passava de R$ 1,53/km.
De acordo com Yamamoto, em uma viagem de 1,9 mil quilômetros, na qual 900 km necessitem do serviço de escolta, os gastos com esse serviço passariam de R$ 1.377 na taxa anterior para R$ 14,4 mil com a nova tarifa. "Esses valores são muito expressivos, poderiam até travar o transporte de equipamentos, e ter um impacto sobre a programação dos novos parques eólicos". O aumento poderia ainda levar a uma revisão dos preços de contratação de energia, afirmou o executivo.
O volume de recursos necessários à instalação de uma usina eólica sempre foi uma preocupação das empresas, lembra Yamamoto. Dessa forma, qualquer aumento nos custos poderia limitar o acesso aos projetos de geração eólica.
O próprio leilão de geração A-3, que já havia sido criticado por oferecer um retorno baixo às eólicas, pode ficar ainda mais prejudicado com a medida. Marcado para agosto, o certame recolheu o cadastro de 513 usinas que usam o vento como fonte, para as quais definiu uma receita máxima de R$ 184 por megawatt-hora.
Os custos de transporte dos geradores e das pás eólicas podem recair sobre as geradoras de energia ou sobre as fabricantes dos equipamentos, a depender de quem ficou responsável pela logística no contrato de aquisição. Dessa forma, o peso sobre a indústria é duplamente danoso.
"O aumento dessas taxas compromete a competitividade da indústria, pois o transporte fica significativamente mais caro", comentou uma fonte de uma fabricante de equipamentos para o setor.
Os investimentos necessários para manutenção dos parques eólicos já pesam sobre os custos das empresas do segmento. O custo médio do megawatt instalado, que no ano passado somou R$ 5,3 milhões, chegou a R$ 6 milhões em 2015, impactado, sobretudo, pela alta do dólar.
A Renova Energia, que divulgou ontem seus resultados financeiros do segundo trimestre, registrou um aumento de 164% nos custos chamados gerenciáveis, que se referem às atividades de operação e manutenção de suas pequenas centrais hidrelétricas e de seus parques eólicos operacionais.
A expansão, de acordo com a companhia, se deu principalmente em razão dos gastos mais elevados com serviços de terceiros para manutenção dos parques e pelos valores pagos por materiais de uso e consumo em função da compra de material de manutenção e peças sobressalentes.
A Renova registrou um prejuízo líquido de R$ 27,3 milhões entre abril e junho de 2015, ante um resultado negativo de R$ 3,3 milhões nos mesmos meses do ano passado. A receita da companhia, no entanto, cresceu quase 110% e chegou a R$ 119,5 milhões. A variação da receita, de acordo com a empresa, é decorrente dos maiores ganhos com as eólicas, com o início da operação de diversos parques.
FONTE: DCI 
NOTÍCIA ANTERIOR PRÓXIMA NOTÍCIA