Facchini

“Alterações na Lei dos Motoristas representam retrocesso”, afirma procurador Paulo Douglas Moraes

Alterações na Lei dos Motoristas, aprovadas pela Câmara dos Deputados em votação realizada na última quarta-feira, 11, representam retrocesso para os direitos trabalhistas, segundo o procurador do trabalho Paulo Douglas Almeida de Moraes. A proposta aprovada mantém a jornada fixa de 8 horas e permite até quatro horas extras, aumentando a carga horária de trabalho dos caminhoneiros para até 12 horas diárias.
A Lei 12.619/2012 ficou conhecida como “Lei do Descanso” por assegurar aos motoristas tempo maior de repouso. Com as mudanças no texto, houve a flexibilização do tempo de descanso. A cada seis horas de trabalho, o motorista deverá descansar 30 minutos, o que poderá ser feito de forma fracionada. O projeto, que já passou pelo Senado, seguirá para a sanção da presidência da República.
Paulo Douglas avalia essa alteração como a pior possível porque o texto aprovado, em algumas situações, não prevê qualquer limite de jornada, bastando para isso que o motorista entenda que não há lugar seguro para parar, ou ainda, que não é possível parar por necessidades ou peculiaridades da carga, como uma carga perecível, por exemplo.
Então, “inverte-se aí a ordem natural das coisas, a preocupação com o ser humano vem em segundo um plano, portanto a nossa avaliação é de que houve um grande retrocesso”, afirma.

Insegurança nas estradas
O procurador ressalta que isso pode acarretar também aumento do número de acidentes de trânsito. Com essa alteração da Lei 12.619/2012, ele afirma que a tendência é o aumento do número de mortes em acidentes nas estradas e do uso de drogas pelos motoristas que lançam mão desse recurso para se manterem acordados ao volante.
Segundo o procurador, agora, o MPT vai avaliar o texto da lei e verificar os pontos inconstitucionais para propor à Procuradoria Geral da República que ajuíze ação direta de inconstitucionalidade para excluir essa norma do ordenamento jurídico. “Devemos atender ao interesse da sociedade que é contar com um trânsito seguro”, pontua.

Nunca publique suas informações pessoais, como por exemplo, números de telefone, endereço, currículo etc. Propagandas, palavras de baixo calão, desrespeito ou ofensas não serão toleradas e autorizadas nos comentários.

NOTÍCIA ANTERIOR PRÓXIMA NOTÍCIA