Facchini

Congestionamentos à vista

Não foram empresários ligados ao comércio exterior nem adversários político-partidários que fizeram a advertência, mas o próprio TCU (Tribunal de Contas da União) que chamou a atenção do governo federal para a possibilidade de ocorrência de congestionamentos durante o próximo período de escoamento das safras agrícolas pelo Porto de Santos, que se dá especialmente de março a maio. O risco é grande não só porque as obras previstas pelo Ministério dos Transportes para o Corredor Centro-Sudeste estão atrasadas como são más as condições das rodovias, ferrovias e hidrovias que dão acesso ao porto santista, de acordo com o Tribunal de Contas da União.
É verdade que, em 2014, depois do caos viário que se verificou em 2013, a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) implantou esquema que barrou a chegada descontrolada de veículos pesados às cidades da Baixada Santista. Com a orientação da Companhia Docas do Estado de São Paulo, que cumpriu à risca um plano de ação baixado pelo Mapa (Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), dos SEP (Transportes e Secretaria de Portos), os terminais estabeleceram horários para a chegada dos caminhões, depois de parada obrigatória em pátios reguladores.
Acontece que as obras para rotas alternativas para o Norte, especialmente a pavimentação do trecho final da BR-163, de Cuiabá, no Mato Grosso, a Santarém, no Pará, prosseguem em ritmo lento, com interdição de meia pista, no esquema ‘pare e siga’. Sem contar que boa parte do trecho ainda é feita em terra batida, que vira lamaçal no período de chuvas. O serviço de pavimentação no Sudoeste do Pará está previsto para 2015.
Além disso, a capacidade do modal ferroviário no Corredor Centro-Sudeste, concentrado praticamente na antiga Ferronorte, hoje ALL Malha Norte, não cresceu de modo significativo, representando apenas 4,3% da movimentação nacional.
Para piorar, a navegação na hidrovia Tietê-Paraná esteve interrompida de maio a novembro por causa do volume insuficiente de água e só agora começa a ser restabelecida.
Isso significa que a rota rodoviária, cujo custo de transporte é 40% superior ao da hidrovia, deverá ser ainda mais procurada em 2015, agravando o problema da fila de caminhões em direção ao Porto de Santos, o que, com certeza, trará prejuízos a todos os demais segmentos que precisam se utilizar das operações no complexo portuário.
Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP.
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