Facchini

Anfir: renovação de frota está fora de cogitação este ano

Diante da desaceleração da economia e da baixa confiança da indústria, a Anfir, associação que representa os fabricantes de implementos rodoviários, aponta que o ano de 2014 deverá terminar com uma queda de 10% nas vendas de equipamentos para veículos pesados, o equivalente a 62,5 mil unidades, e de 2,6% para linha de leves, ou 104,8 mil implementos, na comparação com o desempenho de 2013. 
Durante reunião com jornalistas na sexta-feira, 8, Alcides Braga, presidente da Anfir, explicou que a renovação de frota de caminhões, esperada para incentivar as vendas do setor, dificilmente sairá este ano. “A Anfir esteve reunida com o MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e conseguiu incluir os implementos rodoviários no programa de renovação, o que será muito importante para avanço da nossa demanda nos próximos cinco, dez anos, com a reciclagem dos caminhões e seus implementos. Contudo, não vejo benefícios a curto prazo para o nosso setor, visto o ano complicado que estamos vivendo”, comentou. 
Segundo o executivo, o projeto já está pronto, traz uma série de boas ideias para financiamento de veículos, com parcerias da Caixa Federal e do Banco do Brasil, tem tabela de preços estipulada para os caminhões a serem renovados, e já conta com desmontadoras parceiras para fazer todo o processo. Mas não sairá do papel em 2014.
“Este ano o foco não é governar, e sim ser eleito. Fora isso, com a economia reprimida, a Fazenda não tem dinheiro suficiente para implementá-lo”, declarou o presidente. 
O que pode ser feito até dezembro, na visão da Anfir, é um projeto piloto da renovação de frota. “Talvez mil veículos possam ser substituídos, não impactando os caixas públicos.
Este volume, no entanto, não reverterá a queda de 10%. É muito pouco.” 
Iniciativa interpretada como possível “marolinha” para o setor este ano é a inclusão dos implementos rodoviários na linha Mais Alimentos, de financiamento para pequenos produtores rurais, e que integra o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “É uma medida que pode reduzir um pouco as perdas neste segundo semestre de 2014.” 
Braga avalia a retração de 10% no ano como impactante, mas, por outro lado, lembra que a base de comparação de 2013, um ano atípico, foi muito alta. “Este resultado não nos pega de surpresa. Já sabíamos que seria encontrada uma retração pela frente, que a redução de custos e de mão de obra seria inevitável, e que os nossos preços também estariam em queda por causa do ajuste da demanda. O que podemos fazer, e temos feito, é tentar encontrar maneiras de sofrer o menos possível, reduzindo, por exemplo, os nossos investimentos para preservar as nossas margens.” 
Os volumes de 60 mil implementos para pesados e de 100 mil para leves, segundo ele, podem ser considerados bons porque estão na média dos últimos dez anos. Para 2015, ele espera nível semelhante. “Tanto o atual governo quanto o novo que tomará posse em 1º de janeiro de 2015 deverá fazer ajustes orçamentários, diminuindo gastos inclusive em investimentos e incentivos. A possível redução na capacidade de gastar do governo, atendendo a pressão do seu balanço negativo, trará reflexos para nossa indústria, que não deverá ter crescimento.” 
A Anfir acredita que novas medidas de suporte, como renúncia fiscal ou redução dos juros praticados, ainda estão longe de acontecer. A associação aponta que o desempenho do superávit primário desencoraja qualquer previsão. Em 12 meses caiu de R$ 76 bilhões em maio para R$ 68,528 bilhões em junho de 2014. No acumulado do ano, o superávit primário é de R$ 29,380 bilhões, resultado menor que os R$ 52,158 bilhões vistos nos seis primeiros meses do ano passado. 

RETRAÇÃO DE JANEIRO A JULHO 
No acumulado de janeiro a julho, o mercado de implementos rodoviários acumula queda de 9% sobre o mesmo intervalo do ano passado. Em sete meses a indústria fabricou 91,3 mil unidades ante 100,3 mil produtos entregues em 2013. 
Desse total, 33,3 mil foram implementos para veículos pesados (reboques e semirreboques), em queda anual de 14%. No segmento de carroceria sobre chassis leves, a retração foi de 5,8%, para 57,9 mil unidades. 
As exportações, na maioria para países da América do Sul e África, tiveram retração de 22% de janeiro a junho, com 1,8 mil implementos enviados. Mas para o ano, a Anfir espera que elas cresçam mais de 8%, chegando a 5,8 mil unidades apenas no segmento de pesados. 
Veja as estatísticas da Anfir aqui
NOTÍCIA ANTERIOR PRÓXIMA NOTÍCIA