Facchini

Adaptações para atender mercados exigentes e específicos

As restrições de tráfego a veículos pesados em grandes cidades e as necessidades das empresas impulsionaram o segmento de veículos urbanos de carga (VUCs), caminhões de pequeno porte. Em São Paulo, a restrição começou há pouco mais de dois anos. Por isso, dentro dos grandes centros urbanos, os VUCs tornaram-se um importante meio de transporte para pequenos volumes e alimentos perecíveis.
Cada município tem uma lei própria que determina o tamanho do VUC. Em São Paulo são considerados VUCs caminhões com até 6,30 metros de comprimento, 2,20 metros de largura e capacidade de carga de até três toneladas. Dependendo do tipo de carga, são necessárias adaptações, como no caso de alimentos perecíveis, que precisam ser carregados em baús refrigerados para melhor conservação e preservação dos produtos.
Entretanto, não é possível sair da concessionária já com o VUC completo. Nela, o interessado adquire a carroceria e em outra empresa de implementação compra e instala o baú frigorífico, por exemplo, que garante a temperatura ideal e a qualidade. De acordo com dados da Associação dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), de janeiro a julho de 2014 foram emplacadas 19.649 carrocerias sobre chassis, da família baú alumínio/frigorífico, ou seja, próprios para alimentos.

A Tecnofurgo, fabricante de carrocerias localizada em São Paulo, dobrou as vendas de baús refrigerados para VUC em 2013 - duas mil unidades -, em comparação ao ano anterior. Para este ano a expectativa é aumentar ainda mais as vendas, mesmo tendo vendido apenas 300 unidades até julho. "Acredito que bateremos o ano passado. O primeiro semestre ficou parado por conta da Copa, mas o segundo promete ser bem melhor. As empresas estão voltando a investir", conta Valdeir Cavenague Junior, sócio da empresa, onde um baú refrigerado, sem o aparelho de refrigeração, tem o custo mínimo de R$ 18 mil.
Também sente o mercado desaquecido Sexcilio Hanf, proprietário da Niju - indústria de câmaras frigoríficas localizada em Santa Catarina -, que no ano passado vendeu 490 baús frigoríficos para VUCs. "A expectativa era chegar a 600 unidades neste ano, mas o primeiro semestre já apresentou queda e vendemos apenas 176. Se, até o fim de 2014, chegarmos ao mesmo número do ano passado, já estamos contentes", diz Hanf. A Tecnofurgo só faz baús sob encomenda e a montagem demora cerca de dez dias. Já a Niju produz de 9 a 12 baús por dia, em apenas um turno.
Independentemente do tempo para fabricação, os dirigentes das empresas são unânimes quanto à qualidade. "É preciso ficar de olho na estrutura e nos materiais usados. Não adianta ter um bom aparelho de refrigeração se o material das paredes deixa passar calor de fora para dentro, por exemplo", ressalta Junior. "Só usamos matéria-prima de primeira linha. E qualidade tem preço", afirma Hanf, cuja empresa cobra de R$ 36 mil a R$ 65 mil por cada baú refrigerado. O preço varia com o tipo de carga a ser transportada e, consequentemente, o tipo de equipamento de refrigeração, com maior ou menor capacidade. No mercado existem várias empresas que oferecem modelos para a categoria leve, na qual se enquadram os VUCs. A MAN Latin America, fabricante dos caminhões Volkswagen, por exemplo, criou até a Linha Delivery, indicada para entregas urbanas, para atender à legislação da cidade de São Paulo e também a de outras regiões que necessitem veículos com dimensões próximas às do VUC. Isso significa que os veículos podem ser adaptados a vários tamanhos.         
A linha é composta por cinco modelos: Delivery 5.150, 8.160, 9.160, 10.160 e 10.160 Plus. De acordo com dados do Renavam de julho de 2014, o Delivery 8.160 é o caminhão mais vendido deste segmento. Tem quatro distâncias de entre-eixos distintas: 2.850, 3.300, 3.900 e 4.300 mm, mas somente as duas intermediárias atendem à legislação do VUC. 
O modelo tem a cabine com maior espaço interno da categoria, além de computador de bordo, com indicação de troca de filtro de combustível e nível do tanque ARLA 32, entre outros. É equipado com motor Cummins ISF: com torque de 600 Nm e torque máximo plano. A caixa de transmissão ZF S5-420 HD, de cinco marchas, aumenta a robustez e durabilidade para operação urbana. O acionamento a cabo promove conforto e precisão nas trocas de marcha, diminuindo o esforço e ruído interno. O sistema de freio é a tambor e com ABS e o EBD (Eletronic Brake Distribution) é utilizado como complementar ao ABS.
Outro destaque é o Delivery 10.160 Plus com PBT de 13 mil kg na versão 6x2, oferecida de fábrica, com transmissão ZF 6S 1010BO, com seis velocidades. É indicado para operações mais severas e cargas com maior densidade, com flexibilidade para diversas aplicações, como transporte de bebidas, gás, frigorífico, entre outros. Com versões para atender à legislação de São Paulo para VUC, tem entre-eixo de 2.850 mm. 
O VUC nasceu para atender a uma necessidade com o crescimento dos grandes centros. "Isso mostra a especialização que temos em todos os segmentos de transporte. No passado, tínhamos basicamente um modelo de caminhão que atendia a diversas necessidades de transporte e hoje temos veículos vocacionais para atender cada tipo de mercado. Isso mostra a importância do conceito 'sob medida' que praticamos", afirma Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America.
Já o modelo Cargo 816 garantiu para a Ford Caminhões a liderança em 2013 no segmento de caminhões da chamada categoria de leves. O modelo teve um crescimento de 78% nas vendas no varejo no ano passado, somando 7.011 unidades comercializadas, de acordo com o Renavam. "O nosso veículo tem peso bruto total de 8.250 kg, capacidade máxima de tração de 11.000 kg e três opções de distância entre-eixos", afirma Guy Rodriguez, diretor da Ford Caminhões.
Na linha 2014, o Cargo 816 recebeu alteração no modelo, principalmente na cabine, que passou a adotar o conceito global de toda a linha Cargo. Ele segue o design Kinetic da Ford para veículos comerciais. As mudanças incluem para-choques recuados, ampla grade e degraus de acesso fixados na cabine, que facilitam a manutenção. Tem bancos com suspensão a ar, materiais de revestimento durável, volante de empunhadura ergonômica, além de painel com iluminação e vidros elétricos de série. O motor Cummins de 4.5 litros, com potência de 162 cv e torque de 550 Nm, vem preparado para uso do diesel sustentável B20.
FONTE: DCI 
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