Facchini


Brasil briga por caminhões chineses

A instalação de uma fábrica de caminhões no Brasil pela gigante estatal chinesa Dongfeng Motor deveria ser motivo de comemoração na próxima semana, quando o País recebe a visita do presidente chinês Xi Jinping. O clima em torno do acordo, no entanto, não está para celebrações. 
Nos últimos meses, a promessa de um negócio bilionário acabou mergulhada em uma série de desentendimentos entre a Dongfeng, maior fabricante de caminhões da China e segunda do mundo, e a parceira brasileira Aurium Trading & Investimentos. A razão: os chineses decidiram engavetar o projeto. 
As divergências na joint venture binacional, apurou o Estado, foi parar na Corte de Arbitragem Internacional de Londres (LCIA). Na ação, os brasileiros acusam os chineses de descumprirem obrigações do acordo e cobram o pagamento de R$ 1,67 bilhão por danos e pela violação do contrato. 
A Dongfeng tinha tudo pronto para erguer uma fábrica em Pouso Alegre, Minas Gerais. O empreendimento previa mais de R$ 1 bilhão em investimentos e a contratação de 3 mil trabalhadores. Pelo acordo, a fábrica seria construída em 2014 e os primeiros caminhões da marca chinesa estariam rodando em estradas brasileiras em 2015. 
As desavenças entre as sócias levaram o Brasil a incluir o assunto na pauta das relações comerciais bilaterais. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e o Itamaraty foram acionados. Os empresários brasileiros esperam que o tema faça parte da agenda da presidente Dilma Rousseff com Xi Jinping durante o encontro dos BRICS (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza. As chances de avanço, porém, são poucas. 
A Dongfeng, que tem ações negociadas na Bolsa de Hong Kong, foi obrigada a divulgar um comunicado ao mercado sobre a arbitragem. No documento, o presidente do conselho, Xu Ping, afirma que tem procurado "aconselhamento jurídico sobre a disputa", garante que vai "contestar vigorosamente" a acusação e tomará "todas as medidas necessárias para defender sua posição". 
Interferência. No centro dos desentendimentos está a fabricante sueca Volvo que, no início do ano passado, comprou 45% das operações da subsidiária do grupo Dongfeng que se instalaria no Brasil. Segundo fontes a par das negociações, a entrada da Volvo na chinesa teria causado a suspensão do projeto. A empresa teria exercido poder de sócia para paralisar o plano e defender sua participação no mercado local. 
FONTE: Na Boléia 
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