Facchini

Scania volta à dianteira

Nos últimos dez anos, a Scania conseguiu concretizar dois grandes feitos no mercado brasileiro de caminhões: multiplicou por quatro suas vendas e, no ano passado, tirou da compatriota Volvo a primeira posição no ranking nacional de caminhões de grande porte – conhecidos como extrapesados. Em 2003, foram vendidas pouco mais 4 mil unidades no País, com uma fatia de 12% das vendas nacionais. Neste ano, a montadora sueca encostou na marca de 18 mil veículos, resultado que lhe garantiu uma participação acima de 18%. “A Scania vive seu melhor momento no Brasil porque aprendeu muito bem a se adaptar às oscilações no setor”, diz Carlos Reis, da Carcon, consultoria especializada no setor automotivo.
Liderança recuperada, o desafio da Scania agora é defender sua posição. Além de ter as rivais MAN (a líder do mercado total), Volvo, Mercedes-Benz, Ford e Iveco se aproximando no retrovisor, a companhia enfrentará o acirramento da concorrência com as marcas novatas no País, como a holandesa DAF e a chinesa Shacman, que vai inaugurar uma fábrica em Tatuí, no interior de São Paulo, no segundo semestre de 2014. “Nosso trabalho será dobrado no ano que vem”, diz o presidente da subsidiária brasileira da Scania, Roberto Leoncini. “Se mantivermos a nossa posição, já está de bom tamanho.” A estratégia de defesa da Scania será implementada em duas frentes. 
A primeira, já em curso, é a intensificação das vendas em atividade que estão crescendo acima da média da economia, como a mineração, a construção civil e o transporte rodoviário. A segunda parte do plano inclui a instalação de centros de manutenção nos grandes clientes – uma decisão inédita entre as grandes montadoras. Com essas oficinas em operação, os compradores dos caminhões poderão reduzir seus gastos com manutenção e o tempo de parada dos veículos. “Criamos uma solução sob medida para o transportador”, afirma Leoncini. “A proposta é não apenas vender o caminhão, mas levar ao cliente um serviço de manutenção integrado.” A criação dos centros de assistência replica um modelo já utilizado pela empresa no segmento de mineração há quase uma década. 
Em áreas de exploração da Vale, em Minas Gerais e Pará, a Scania mantém oficinas que garantem as revisões e reparos dos veículos da marca. No caso do setor rodoviário de cargas, as oito primeiras unidades já estão previstas para este ano. A primeira empresa a receber uma oficina da Scania será a Transportadora Tombini, de Jundiaí, no interior paulista. “Caminhão não pode ficar fora de serviço por muito tempo”, afirma Leoncini. Os planos da Scania para o Brasil serão sustentados por investimentos de aproximad amente de R$ 500 milhões, nos próximos cinco anos. Com carta branca da matriz, a operação brasileira pretende ampliar a rede de concessionárias para 132 unidades, até 2015. Atualmente, são 112. “A matriz aposta no País”, diz o presidente da subsidiária brasileira.  
A aposta no País se justifica. Neste ano, mesmo com o aumento da taxa de juros da principal linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Finame PSI, para 6%, as vendas de caminhões devem crescer acima de 5%. As taxas do Finame haviam sido reduzidas pelo governo federal, dois anos atrás, para turbinar as vendas de veículos pesados. Naquele ano, o mercado havia encolhido 19,5%, chegando a 139,7 mil unidades. Desde então, reagiu. Em 2013, as vendas cresceram 11% em comparação a 2012, para 154,5 mil. E o segmento que puxou esse crescimento, com 55.886 unidades, foi o de extrapesados – área em que a Scania suará a camisa, a partir de agora, para se manter à frente das rivais.
FONTE: IstoÉ Dinheiro 
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