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Mercedes-Benz: BNDES financiará 56% do investimento de R$ 1 bi

O investimento de R$ 1 bilhão que a Mercedes-Benz anunciou para sua operação de caminhões e ônibus no Brasil terá participação importante do BNDES. O banco estatal de fomento financiará R$ 562,3 milhões, cerca de 56% do aporte. Philipp Schiemer, presidente da montadora no País, assinou o compromisso de dívida na quinta-feira, 31, durante a Fenatran, feira dos transportes que acontece no Anhembi, São Paulo. 
“O banco é um grande parceiro em nosso plano de investimento. Sem ele talvez não fosse possível”, enfatizou o executivo. Essa é a segunda vez que o BNDES financia um grande aporte da organização no Brasil. O programa anterior, que somou R$ 1,5 bilhão de 2010 a 2013, também contou com participação em torno de R$ 1 bilhão da instituição.
Maurício Neves, superintendente industrial do BNDES, aponta que o projeto está alinhado com a estratégia de atuação do banco, que aposta na inovação. “O destaque é que grande parte do aporte está voltado para a área de engenharia. Com isso, adensamos e enraizamos ainda mais a cadeia produtiva no Brasil”, avalia. 
Segundo a montadora, o investimento será destinado à modernização das fábricas da companhia no Brasil. Cerca de 60% do montante atenderá a área de pesquisa e desenvolvimento. 

ACTROS NACIONAL 
Dentro da área de pesquisa e desenvolvimento, fazer do Actros um veículo brasileiro é um dos grandes focos do projeto. O caminhão extrapesado é montado em Juiz de Fora (MG) desde 2012 e tem atualmente cerca de 30% de conteúdo local, o que permite que até 60% de seu valor seja financiado pelo Finame/BNDES. A intenção é elevar o índice de nacionalização gradativamente para mais de 60% até o fim de 2015, quando o veículo passará a ter o motor fabricado no Brasil e poderá ser 100% financiado pelo Finame. 
O caminhão será equipado com o motor OM 457 LA, que atualmente está em algumas versões da linha Axor, mas receberá nova calibração para atender à necessidade do Actros. “A nacionalização terá três etapas”, explica Schiemer. A primeira é a atual, com a produção local dos chassis e do sistema de pós-tratamento. Em seguida, até novembro de 2014, outros componentes também passarão a ser brasileiros. A terceira e última fase deve acontecer um ano depois, em 2015, com a incorporação do motor nacional. 
Ainda dentro da área de produtos, o investimento será importante para pesquisas de novas tendências de mercado. Schiemer explica que o objetivo é atender a crescente demanda por aplicações específicas. “Já sabemos que há procura por uma versão 8x2 do Atego e por outras aplicações urbanas para o Accelo. Também vemos a necessidade de ampliar a potência para algumas aplicações dos modelos extrapesados”, aponta. O presidente da Mercedes-Benz também indica que a empresa pretende avançar em tecnologias para gestão de frota e segurança. 

FÁBRICAS 
Os investimentos destinados às fábricas da empresa no Brasil devem ficar mais concentrados na planta de São Bernardo do Campo (SP). Além de ser a unidade mais antiga e, portanto, com mais necessidade de modernização, a companhia assegura que ela se manterá como seu principal complexo industrial no Brasil. “A fábrica tem de ganhar eficiência”, enfatiza o executivo. 
Um dos pontos-chave para isso é a negociação com o sindicato dos metalúrgicos da região, que já está em curso com o objetivo de reduzir custos. O executivo sinaliza que grande parte das decisões para a fábrica dependerão do acordo firmado com os trabalhadores. Schiemer admite que esse tipo de negociação é sempre árduo. Apesar disso, ele acredita que o sindicato está bem informado sobre a situação da empresa e disposto a discutir para garantir o futuro da produção. 
Já a planta de Juiz de Fora (MG), que foi reformulada recentemente para produzir o Actros e o Accelo, não demandará investimentos em modernização. O presidente da Mercedes-Benz afirma que os aportes feitos ali terão como foco a nacionalização do Actros. Com o novo plano, a empresa pretende também intensificar as sinergias entre as duas unidades, concentrando a produção de determinados componentes ou conjuntos em uma ou outra planta para ganhar escala e, portanto, competitividade. 

PSI PARA 2014 
O superintendente do BNDES evitou entrar em detalhes sobre a prorrogação do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), que oferece condições especiais para o financiamento de caminhões e ônibus, atualmente com juros de 4% ao ano. O governo já confirmou a extensão da linha, mas não especificou em quais condições ela será mantida em 2014. 
“É preciso levar em conta que 2013 e 2014 são dois momentos diferentes”, disse Neves. Ele aponta que há tendência de manutenção do programa com “calibragem diferente”, o que significa subida dos juros. Ele não especificou, no entanto, se essa alta será expressiva. 
Para Schiemer, sem aumento expressivo da taxa o impacto na demanda não será tão grande a ponto de provocar uma corrida às compras este ano, o que causaria consequente retração dos negócios no início de 2014. “Ninguém compra caminhão apenas para aproveitar boas condições e temos expectativa positiva para o ano que vem, com boa safra agrícola, obras de infraestrutura e transporte de mercadorias com a Copa”, acredita.
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