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Metro-Shacman anuncia presença de caminhão brasileiro na Fenatran e revela difícil busca pelo Top 3 no mercado de pesados

A Metro-Shacman chegou ao Brasil já com um dura missão imposta por ela própria: ser em 10 anos uma das três maiores players no segmento de pesados. Nesta quarta-feira, um evento que era para ser um aperitivo para a apresentação do protótipo do TT 440 6×4 – primeiro modelo fabricado pela marca no Brasil – acabou por se transformar em uma análise da presença da empresa chinesa no Brasil e seus inesperados planos para o país.
Muita mudanças ocorreram após a apresentação da Metro-Shacman na Fenatran de 2011. Algumas semanas depois do evento, o Governo Federal definiu a sobretaxação de IPI de veículos importados, pondo fim à intenção inicial de importar da China e construir uma planta de montagem no Brasil. Já em 2012, o Inovar-Auto chegou para definir novas medidas que deveriam ser seguidas para habilitar a fabricação e venda de produtos.
Com o passar do tempo, o grupo de empresários responsável pela vinda da marca ao país entendeu as regras do jogo. Com o caminhão na mão, eles partem em busca de fornecedores para conseguir os 60% de nacionalização exigidos pela Finame. Motor e transmissões já estão definidos: um Cummins ISM de 11 litros e 440 cv, a caixa de série automatizada será ZF e a opcional mecânica será da Eaton.
A Metro-Shacman conseguiu a habilitação ao Inovar-Auto como investidores – está previsto o investimento de R$ 400 milhões -, sendo que R$ 50 milhões já foram investidos para importar os primeiros 99 veículos dos 2.500 que podem ser trazidos com desconto no IPI até julho de 2014, para a construção da sede da empresa em um terreno de 54 mil m² em Tatuí (SP), com planta de capacidade de produção de 10 mil unidades ao ano, e para dar início à rede concessionária.
Esses pontos põe em xeque o plano de médio e longo prazo de deixar para trás no ranking de vendas nomes tradicionais do segmento de pesados no mercado brasileiro, como International, Iveco, Ford e, no futuro, brigar com MAN Latin America e Mercedes-Benz. “Queremos estar até 2019 entre as cinco primeiras marcas de caminhões pesados vendidos no Brasil e ser uma das três primeiras até 2024. Estamos pensando grande”, afirmou Marcos Gonzalez, diretor de desenvolvimento de negócios da Metro-Shacman. Para isso, a estratégia é oferecer produtos robustos e baratos, “na casa dos R$ 300 mil”, como destacado pelo próprio Gonzalez. “Não vamos concorrer com modelos Scania e Volvo de R$ 500 mil”, explica o executivo.
Porém a operação da marca no Brasil ainda é um terreno desconhecido. Afinal, ate a Fenatran, dia 28 de outubro, a expectativa é que a rede seja composta por 10 concessionárias. Um dia antes, a DAF apresentou seu modelo de entrada no mercado brasileiro, o XF 105, revelando que serão 20 casas a vender o caminhão, tendo desembolsado 320 milhões de dólares em recursos próprios para levantar a fábrica de 270 mil m² com capacidade de produzir 10 mil unidades anuais em apenas um turno. 
É esperado que parte do investimento previsto pela Shacman venha do possível sócio chinês, a estatal Shaanxi Automobile Group, dona da marca. Esta, porém, ainda não entrou formalmente no empreendimento. Mesmo assim, Reinaldo Maluta Vieira, diretor de marketing da Metro-Shacman, afirma que todas as fases do programa de instalação da fábrica brasileira estão sendo cumpridas nos prazos previstos para permitir o início de produção oficial no segundo semestre de 2014.

Fenatran 2013
A Shacman estará presente no evento, que será realizado de 28 de outubro a 1º de novembro, no Parque Anhembi, em São Paulo No estande, a marca mostrará sua atual linha de modelos, composta pelos cavalos mecânicos TT 420 6×4, TT 385 4×2, TT 385 6×4 e o Shacman LT 385 6×4, além do protótipo do TT 440 6×4.
A ser fabricado no Brasil, o TT 440 6×4 terá motor, transmissão, embreagem, rodas, pneus, eixos, suspensão e sistema de freios nacionais, todos através de fornecedores locais. Chassis e cabine serão importados da China, porém há “o objetivo é nacionalizar isso também, mas é o maior investimento, pois não podemos simplesmente comprar componentes comuns de fornecedores e montar, são partes exclusivas”, avalia Gonzalez.
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