Facchini

Mercado de caminhões patina, mesmo com menor taxa de juros

Mesmo com a menor taxa de financiamento já concedida para o segmento de caminhões, hoje em 5,5% via Finame PSI, o mercado de veículos pesados parece não reagir com o incentivo. Segundo dados fornecidos pelo diretor de relações governamentais e institucionais da MAN Latin America, Marco Saltini, a média mensal das vendas continuam em 10 mil unidades, volume que tem sido registrado desde abril, quando o governo baixou pela primeira vez no ano a taxa, que passou de 10% para 7,7%. A mesma média foi apurada em junho, quando o governo mais uma vez, reduziu então de 7,7% para 5,5%.
Em sua exposição sobre o mercado de veículos comerciais e a introdução do Euro 5 durante o Congresso Fenabrave 2012, realizado nesta quinta-feira, 16, Saltini afirmou que tem ido à Brasília insistentemente para tratar com o governo sobre possíveis soluções para alavancar o mercado. 
“O governo não sinalizou, ainda, a manutenção da taxa de 5,5% para o Finame PSI, mas acredito que há condições para manter a taxa neste patamar. O que tentamos mostrar ao governo é que a fórmula para aumentar as vendas é baixar os juros e elevar o crédito por um período mais longo, porque o mercado de caminhões funciona de uma maneira diferente do de automóveis”, disse. Ele revela que no caso da MAN, contabiliza estoque de 8 mil unidades, equivalente a dois meses de vendas.
Contudo, Saltini aponta que a manutenção dos juros baixos não é o único agravante no desempenho dos licenciamentos de caminhões, que devem cair 10% este ano, para 130 mil unidades, conforme as projeções do executivo, que também é vice-presidente da Anfavea. A produção do segmento até julho oscila com queda entre 45% e 50% sobre igual período do ano passado.
“A crise internacional tem impactado significativamente o desempenho das demais economias. O mercado de caminhões deveria ser um índice econômico: se as vendas do segmento caem, é porque a economia não vai bem.” 
O mercado tem registrado média de vendas de 150 mil unidades por ano nos últimos três anos, conta. “Se continuarmos com as 10 mil unidades mês, devemos chegar aos 130 mil unidades, mas esperamos que isso não aconteça.” 
Ele também elencou outras dificuldades já previstas para este ano pelas montadoras com a introdução das novas tecnologias para atender a norma Proconve P7, equivalente à Euro 5, como a escassez do diesel S50 para abastecer a frota dos novos caminhões, que segundo Saltini, continua “caro e raro”. Atualmente, dos 38 mil postos que operam no País, 5.025 unidades oferecem o diesel S50. Segundo a ANP, a distância entre eles é de um raio de 100 quilômetros. 
A partir do próximo mês, a comissão responsável pela introdução de normas de emissões no País, que integra representantes do governo, Ministério do Meio Ambiente, Fecombustíveis, Anfavea, Petrobras e outros, começará a debater a introdução do diesel S10, que substituirá o S50 a partir de 1º de janeiro de 2013. 
Sobre o Arla 32, aditivo utilizado nos motores com sistema SCR, a variação de preço é o principal problema. Pelos dados apresentados, enquanto as redes de concessionárias vendem o litro a R$ 2,60 em média, o mercado em geral, como postos de gasolina, oferece o produto por até R$ 6,00 o litro.
“É um preço exorbitante que impacta na decisão do cliente que vai ter um custo adicional de operação na sua frota.”
Entretanto, o vice-presidente da Anfavea afirma acreditar em melhora do cenário no segundo semestre. “Há um esforço grande do governo de tentar retomar a economia com medidas de estímulo, como o pacote de concessões de logística em infraestrutura, mas que só deve impactar no nosso mercado a partir de 2013.”
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