Facchini

Euro 5: manutenção pode gerar custos adicionais

Frotistas e clientes de caminhões produzidos no Brasil devem começar a ficar atentos para a manutenção dos veículos Euro 5 que entraram no mercado este ano. O alerta é de Dick Witcher, presidente da ATD, American Truck Dealer Association, associação que reúne os concessionários de caminhões nos Estados Unidos. Ele apresentou durante o segundo dia do Congresso Fenabrave 2012, na sexta-feira, 17, a experiência do mercado norte-americano com a nova legislação EPA 10, similar aos níveis adotados no Brasil com o Proconve P7.
Witcher conta que problemas sobre a manutenção não foram discutidos abertamente nos Estados Unidos antes do início da rodagem dos caminhões. O executivo relata que a maior parte dos clientes não ficou satisfeita com a performance dos novos motores, apontado como a maior dificuldade na manutenção por causa das partículas do diesel, questão que gerou custo para sua rede. “Foi necessário um investimento de US$ 75 mil em uma máquina de limpeza de filtros. Cada limpeza custa em torno de US$ 500.” 
Com a entrada da EPA 10 nos Estados Unidos, o mercado recebeu incentivos para os financiamentos, como no Brasil, que segundo Witcher, deram força às vendas. Contudo, ele afirma que os incentivos estão desaparecendo. 
Outra dificuldade apontada foi o aumento do preço dos veículos. Um estudo apresentado por Witcher mostra que o aumento do custo dos caminhões para se chegar aos padrões de emissões exigidos foram de três a cinco vezes maiores que o estimado anteriormente, o que elevou o preço dos veículos em US$ 25 mil, em média, sem contar os impostos. 
A diferença foi intensamente absorvida pelo mercado: enquanto os volumes de vendas de caminhões nos EUA chegaram a 360 mil unidades em 2006, nos anos posteriores o mercado chegou a registrar nível de 110 mil unidades. Desde então, o país perdeu cerca de 200 concessionárias. 
“Não nos recuperamos desde então”, disse Witcher, que espera para 2012 um desempenho que não ultrapasse as 180 mil unidades. Ele revela que marcas como International já anunciaram demissões e que as montadoras precisam de mais tempo de paralisações da produção.
Para o Brasil, o executivo avalia que se as vendas continuarem recuando, seis marcas no mercado representam certo exagero para um mercado de 130 mil unidades por ano. “As empresas que se propõem a entrar no mercado brasileiro, como DAF e International, precisam pensar numa estratégia para um mercado em declínio, não há fórmula, porque não passamos por isso nos Estados Unidos, mas é um desafio”, conclui. 
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