O ano de 2011 foi um bocado agitado, com boas vendas de caminhões e ônibus no Brasil. E nos últimos meses ainda apresentou uma verdadeira derrama de novidades – principalmente pela implementação de tecnologias anti-emissões.
Só que as inovações, destinadas para as linhas 2012, estimularam o mercado para antecipar as compras e devem arrefecer os ânimos na chegada dos novos modelos. Afinal, os sistemas, motores e design novos trazem embutidos um aumento significativo no custo dos modelos – em torno de 15%. Mas a expectativa na indústria é que, depois de absorvido o golpe inicial, o consumo volte a crescer. E o que se espera é que 2012, pelo menos, empate com 2011.
“O mercado deve se estabilizar. A conta é bem simples: se há demanda a ser transportada, há demanda de caminhão”, afirma Victor Carvalho, gerente executivo de Vendas de Caminhões da Scania no Brasil. Mais receoso, mas não menos otimista, o diretor comercial da Iveco, Alcides Cavalcanti, também falou sobre o que espera a indústria no próximo ano. “Esperamos uma redução de vendas quando os estoques de veículos Euro 3 se esgotarem. Mas até o último trimestre de 2012 o mercado já deve ter absorvido as mudanças e voltado a girar num ritmo mais forte”.
Não é, no entanto, apenas a chegada das novas normas de emissões e o mau momento da economia mundial que podem, eventualmente, impactar o mercado nacional. “É esperada uma queda em torno de 10% no primeiro semestre de 2012, por conta do aumento dos preços e pela antecipação de compras no final deste ano” argumenta a diretora de vendas da Mercedes no Brasil, Tânia Silvestre. A legislação a qual a executiva se refere é o Proconve P7, equivalente ao padrão Euro 5 europeu.
Apesar de esses fatores poderem prejudicar a indústria em 2012, o otimismo das fabricantes prevalece. “O Brasil está em plenas conVodições de continuar aumentando o PIB, mesmo com grandes blocos econômicos mundiais passando por momentos difíceis”, disse Oswaldo Jardim, diretor de operações da Ford Caminhões para a América do Sul. A fabricante promete investir R$ 455 milhões em veículos comerciais até 2015.
O reflexo do bom momento do mercado nacional é a chegada de novas montadoras ao Brasil. Em 2012, a holandesa DAF e chinesa Sinotruck vão instalar fábricas no Paraná. Além delas, Foton e Shacman - também chinesas – prometem instalar unidades de produção no Brasil – a localização exata ainda não foi definida.
Para enfrentar a nova concorrência, as marcas que já atuam no Brasil apostam na tradição. Mas também se movimentam. A MAN, que fecha 2011 como líder em volume no mercado de caminhões, vai investir R$ 1 bilhão na ampliação da fábrica da marca de Resende, no Rio de Janeiro, para aumentar sua capacidade de produção a partir do próximo ano. “A MAN cresce de forma consolidada justamente porque nosso planejamento contempla um futuro promissor para o Brasil. Nos preparamos para, a médio prazo, ampliarmos a capacidade de produção dos atuais 82 mil para 100 mil veículos por ano”, afirma Ricardo Alouche, diretor de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN no Brasil.
Com o mesmo pensamento a Mercedes pretende gastar R$ 1,5 bilhão até 2013 para aumentar a produção. Já a Volvo investirá R$ 210 milhões na ampliação da fábrica de Curitiba.
O projeto inclui a produção de ônibus híbridos – elétrico/biodiesel. A pré-produção já deve começar no ano que vem. A Scania, que havia previsto investir R$ 40 milhões na unidade de São Bernardo, mudou de ideia. Em vez disso, uma redução de 15% na produção na América Latina e Europa. Já a italiana Iveco e a gaúcha Agrale não anunciaram os valores, mas prometem investir.
No mercado de ônibus, a Marcopolo vai investir cerca de R$ 140 milhões, para produzir mais 20 mil unidades no Brasil. Os números são baseados nas condições econômicas atuais e ainda podem ser revistos, de acordo com o comportamento do mercado. A fabricante ainda estima um crescimento de 7,5% na receita do próximo ano.