Carretas carregadas de soja e derivados estão ficando retidas por até 36 horas devido às péssimas condições de tráfego de um trecho de apenas 18 quilômetros da PI-247, entre as cidades de Bertolínia e Uruçuí (453 km ao sul de Teresina), nos cerrados piauienses. A estrada é a única via de escoamento da produção de grãos da região de Uruçuí para estados da Bahia, Maranhão e Pernambuco.
A estrada foi asfaltada no início do ano passado, mas ficou faltando pavimentar os 18 quilômetros entre Bertolínia e Sebastião Leal. Por causa dos buracos, os motoristas levam mais de uma hora para percorrero trecho. Em vários pontos, os caminhões e carretas carregadas de óleo vegetal e farelo de soja fazem malabarismo para tentar fugir dos buracos e das poças d’água no leito da via.
Nos períodos de chuvas intensas, segundos motoristas e moradores da região, os caminhões e carretas passam até 36 horas atolados ou esperando o tempo melhorar para subir uma ladeira na saída de Sebastião Leal. “Eu mesmo já fiquei um dia e meio parado, sem conseguir subir a ladeira”, contou o caminhoneiro Valdemar Zaparolli, que passava ontem pelo local transportando óleo vegetal da unidade da Bunge em Uruçuí para Recife (PE), num percurso aproximado de 1.200 quilômetros. “O pior trecho é, sem dúvida, este aqui”, diz ele.
As chuvas abrem os buracos na estrada e deixam o chão liso. Os carros “patinam” e não conseguem subir a ladeira. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a safra dos cerrados piauienses este ano somará 1,170 milhão de toneladas de grãos. O faturamento chegara a aproximadamente R$ 1 bilhão, com mais de R$ 160 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para o tesouro estadual. Com o dinheiro que arrecada de ICMS com a produção de soja, portanto, o Estado poderia asfaltar 20 vezes os 18 quilômetros que restam entre Bertolínia e Uruçuí, já que o custo do quilômetro asfaltado é de aproximadamente R$ 400 mil hoje.
FONTE: 180 graus