Facchini


Escoamento de safra preocupa produtores em Mato Grosso



Os produtores de Mato Grosso estão preocupados com o escoamento da safra. As péssimas condições das estradas e a forte demanda por transporte resultaram em fretes mais caros.
No campo, as máquinas se apressam para colher a soja. Segundo a Conab, Mato Grosso deve se destacar mais uma vez na produção. A previsão é que sejam produzidas mais de 19 milhões de toneladas do grão. Se de um lado o preço e a produtividade agradam, o custo do transporte não é nada satisfatório.

O produtor Ricardo Tonczik cultiva dois mil hectares no município de São José do Rio Claro, no médio norte do estado. O custo cobrado pela tonelada está em a uma média R$ 250, com aumento de cerca de 6% do que no ano passado. “Em função da maior projeção numa maior safra tanto de soja quanto de algodão do estado. E uma safrinha de milho que tende também a ser bastante grande. Então, a demanda por transporte esse ano será bastante grande”, prevê.
Os caminhões percorrem no mínimo 500 quilômetros para chegar ate um dos terminais ferroviários que ficam no sul do Mato Grosso. Quando as carretas vão direto para os portos de Santos e Paranaguá a distância aumenta e chega a passar de dois mil quilômetros.
Outra alternativa é o sistema ferroviário. Só de janeiro a setembro do ano passado foram transportados mais de 3,5 milhões de toneladas de soja por trilhos.
Além da distância, um dos fatores que mais preocupam são as condições das estradas. A MT-130, que liga Primavera do Leste a Rondonópolis, no sul do estado, é um dos principais corredores de escoamento da produção. Mas os motoristas precisam redobrar a atenção para não cair nos buracos. Uma operação foi iniciada para recuperar os piores trechos.
A situação na BR-364 não é diferente. A quantidade de buracos tem tirado o sono dos caminhoneiros. Por isso, o Globo Rural pegou carona com o motorista Elizandro de Souza Barboza, que saiu de Sorriso, no norte do estado, com destino a Alto Araguaia. São mais de 800 quilômetros até um dos terminais ferroviários. O caminhão estava carregado com 37 toneladas de soja. Em muitos trechos, é possível perceber as dificuldades. São muitos buracos. As carretas cruzam a pista de um lado ao outro e é preciso ter habilidade com o volante.
“O certo seria a reforma geral da BR. Arrancar o asfalto e colocar outro. Há muitos anos, a gente percorre em cima desse tapa-buraco e a gente vê que não resolve nada”, reclamou o caminhoneiro.
Com tantos quilômetros em péssimas, é difícil não contabilizar prejuízos com o veículo. Um levantamento da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso revelou que cerca de dez mil caminhões trafegam todos os dias por um dos trechos.
“Infelizmente, a transportadora não consegue absorver esses custos adicionais em decorrência da falta de infraestrutura das nossas rodovias e, automaticamente, acaba repassando aos fretes”, explicou Miguel Mendes, diretor da associação dos transportadores.
Cerca de 90% da soja produzida em Mato Grosso é transportada em rodovias.
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