A má qualidade das rodovias e a falta de mão-de-obra geralmente são apontados como os principais fatores que elevam o preço do frete e dificultam o escoamento da produção agrícola de Mato Grosso. No entanto, este ano o que mais tem preocupado os produtores de soja é curto período para o escoamento da safra, consequência do atraso no plantio prejudicado pela estiagem prolongada no segundo semestre do ano passado e agora pelo grande volume de chuvas que não param de cair em todo Estado.
Em decorrência do atrasado no plantio da soja, agora os produtores precisam se apressar na colheita, pois é preciso dar início no plantio do milho que já registra 35% de atraso em relação à safra anterior. Em muitas propriedades é possível ver as máquinas adentrarem a noite, tentando recuperar o tempo perdido.
Para Carlos Fávaro, coordenador do Núcleo Aprosoja/MT, todo esse empasse resulta na necessidade de uma demanda maior de caminhões para o escoamento da safra e, em um período de tempo menor, inflacionando assim os preços dos fretes do produto que sai das fazendas até o local de armazenagem. “O problema que temos observado é que devido o atrasado na colheita que temos enfrentado por causa das chuvas, faz com que a safra fique concentrada e estando ela concentrada se cria uma pressão sobre o frete, sobre as colheitadeiras, porque são as mesmas máquinas tendo que colher em um período um pouco menor, o mesmo acontece com o transporte”. Isso já pode ser reportado na região Oeste de Mato Grosso, onde as chuvas têm sido mais severas. Basta sair o sol para que produtor queira mais caminhão, mais colheitadeira, refletindo no reajuste de presos do frete. “Nós esperamos que isso se normalize com a predominância do sol, se isso acontecer, mesmo estando concentrada, a colheita deve ocorrer de forma mais tranquila e consequentemente a pressão sobre os presos devem diminuir. No entanto, é certo que em 2011 vamos ter reajustes sobre os presos dos frentes e da colheita”.
De acordo com o último boletim divulgado na semana passada pelo Imea/MT, foram colhidos até o momento 18,5% da soja em Mato Grosso, o que representa um atraso de cerca de 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar de todos esses problemas, o Estado mais uma vez deve se destacar na produção de soja com uma produção estimada em 19 milhões de toneladas do grão.
Se de um lado o preço e a produtividade agradam, o custo do transporte segue preocupando os produtores. Segundo Celso Krein, proprietário da CK Transportes de Lucas do Rio Verde, os valores dos frentes ainda não sofreram grandes reajustes. “Devido ao atraso na colheita a demanda de frete ainda está calma, com isso os preços sofreram um reajuste pequeno, mas devem ser novamente reajustados quando chegar o forte da safra. Como acontece todo ano, faltam caminhões e consequentemente aumenta o valor do frete, Porém o reajuste não deve ser muito significativo, mantendo-se dentro da normalidade”, afirma.
As condições das estradas e a forte demanda por transporte também são fatores que resultaram em fretes mais caros, entretanto é de onde a safra está concentrada até o armazém que o frete tem apresentado um significativo reajuste de cerca de 12% mais do que no ano passado.
FONTE: Expresso MT