Facchini

Volvo FH 12: moderno e seguro

Quando desembarcou no Brasil pela primeira vez, em 1993, o caminhão sueco trouxe em sua bagagem uma série de componentes que, até então, eram novidades no mercado brasileiro. O Volvo FH 12 exibiu um vasto pacote de itens de segurança. A cabine, por exemplo, tinha estrutura 30% mais leve que a antecessora, cinto de segurança de três pontos e pedais projetados para a redução de ferimentos. No entanto, a novidade maior estava, digamos, mais escondida: era o gerenciamento eletrônico que fazia roncar o propulsor D12A, de 12 litros. 
Até aquele momento, o que existia era apenas o monitoramento eletrônico da injeção de combustível. 

Para a Volvo do Brasil, a chegada desse veículo ao mercado nacional é vista como um marco na história do motor a diesel. A fabricante de origem sueca ressalta que o caminhão estava tão à frente do seu tempo, graças às opções tecnológicas embarcadas, que não conseguiam encontrar um concorrente à altura. Bernardo Fedalto Jr., gerente de caminhões da linha F, esclarece que “isso não é exibicionismo ou falta de modéstia, era realmente difícil achar, naquele momento, um caminhão que pudesse se equivaler ao nosso, com todo o pacote que oferecía­mos. Esse modelo significou um divisor no processo de desenvolvimento de motores; podemos falar em ‘antes’ e ‘depois’ do FH”, analisa Fedalto. 
Mesmo assim, é fato que algum veículo, mesmo não se igualando totalmente, teria algumas semelhanças com o importado pela Volvo. Insistindo para a fabricante apontar pelo menos um que pudesse ser páreo para o FH 12, a empresa refletiu muito e sugeriu o R 380 da Scania.


Contudo, para o proprietário da revenda HM Caminhões, Manuel Dinis, o modelo concorrente era sim, da marca Scania, mas o modelo R 113, de 360 cv.
O executivo da Volvo relembra que chegou a ouvir comentários sobre o FH ser demais para o mercado brasileiro. No entanto, esclarece que a Volvo já defendia a tese de que o transportador, de qualquer parte do mundo, tem o direito de contar com a melhor tecnologia à sua disposição. 
Tempos mais tarde, precisamente em março de 1998, novos rumos aconteceram na vida do caminhão, que ganhou casa nova, alma brasileira e um novo coração, o motor D12C, de 12 litros. Com leve aprimoramento na aparência externa, o FH 12 tinha duas opções de potência, 380 cv e 420 cv. Trazia como destaque uma cabine com célula de sobrevivência, incluindo áreas de deformação específicas para que o habitáculo do motorista permanecesse intacto, caso ocorresse um acidente. A lista de componentes ainda abrangia computador de bordo, suspensão a ar, piloto automático e bancos e volante ajustáveis. 
As cabines eram oferecidas nas opções simples, leito e leito duplo (no modelo Globetrotter), todas confeccionadas na fábrica da Volvo, que havia sido inaugurada no ano anterior, em Curitiba, PR, sede latino-americana da empresa sueca.
Iguais, apenas na aparência
Com o modelo fabricado no Brasil circulando, não faltaram comparações com o caminhão que, até então, era importado. Hoje mesmo, em discussões virtuais, os caminhoneiros que tiveram a chance de conhecer os dois modelos comentam que a versão importada é mais fraca nas subidas (coisa que não acontece com o FH produzido aqui). A lista de defeitos do FH incluiu ainda problemas no compressor de ar, a posição da alavanca de marchas, localizada muito longe do banco do motorista, e a manutenção cara. 
Aliás, esse custo foi apontado por Manuel Dinis, da HM Caminhões, como um dos itens que mais pesava contra o modelo importado. “Como a fabricação não era feita aqui, o preço para repor componentes era muito alto. Mesmo com o modelo nacional, a história fica parecida. Esse caminhão necessita menos de cuidados mecânicos, mas também quando precisa de reparos, o custo é alto. Um Scania pode ir para a oficina 10 vezes e o caminhão da Volvo apenas uma, mas, nessa única vez, o modelo da Volvo vai gastar 20 vezes mais”, faz as contas o vendedor. 
Para Dinis, a Volvo também tem um estilo que ele classifica de muito personalizado, querendo dizer que a fabricante não mostra o mapa da mina sobre os detalhes técnicos de seus caminhões. “Quando o veículo não é mais novo, como a parte mecânica não é simplificada, não é qualquer um que sabe mexer”. 
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