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Nélio Aguiar/Instagram |
Profissão de cegonheiro não passa mais de geração para geração; Sindicato dos Cegonheiros defende investimentos na formação de novos profissionais e em caminhões mais modernos
A crescente falta de motoristas profissionais segue desafiando dia após dia as transportadoras e refletindo na economia brasileira. Dados recentes da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN), revelam que somente nos últimos 10 anos, o país perdeu 1,1 milhão de caminhoneiros. Além disso, apenas 4% dos atuais motoristas profissionais possuem menos de 30 anos.
O avanço da escassez de novos motoristas tem acendido um alerta em todo o setor que hoje é responsável por movimentar mais de 60% de tudo que é produzido no país. Para o Sinaceg (Sindicato Nacional dos Cegonheiros) não é exagero a previsão de um apagão logístico por escassez de mão de obra.
“Não é mais uma profissão que passa de geração para geração. A sensação de liberdade e o fascínio que dirigir um caminhão despertava nas crianças já não fazem parte da realidade há muito tempo. As condições e a violência nas estradas, prazos apertados, horas na direção e dias longe de casa dificultam a contratação de mão de obra qualificada”, diz Maurício Munhoz, proprietário da Transportes Munhoz & Munhoz.
O empresário lembra que pela especificidade da carga, não basta ser habilitado para dirigir caminhão. “Por causa das dimensões da carreta, é preciso conhecer muito bem as rotas, inclusive no perímetro urbano, para não ficar preso embaixo de um viaduto, por exemplo; embarcar e desembarcar os veículos com total segurança; e apresentar-se uniformizado e de forma adequada ao chegar à concessionária.”
Por essas e outras habilidades, para ser cegonheiro é necessária uma formação diferenciada. “No começo da minha empresa, nos anos 1990, antes de pegar a estrada sozinho, o motorista viajava com um cegonheiro experiente por três ou quatro meses. Era uma espécie de estágio, prática comum no segmento. Hoje, não temos condições de manter dois profissionais em um caminhão, devido aos custos”, completa Munhoz.
Já Ivan da Silva, sócio do pai, Geraldo Antônio da Silva, na Transmiúdo Transportes, reforça que os filhos e filhas da segunda geração de cegonheiros da família não querem seguir no volante, como os avós, tios, pais. “Os que continuam no segmento estão na gestão dos negócios. E isso vale para qualquer jovem atualmente. É muito raro encontrar um caminhoneiro com menos de 30 anos.”
Na tentativa de reverter este cenário, a modernização das frotas de caminhões é apontada com uma das alternativas. “Caminhões equipados com tecnologia, maior conforto e segurança deixam a jornada menos desgastante, além de tornar a operação mais eficiente e econômica”, destaca José Ronaldo Marques da Silva, Boizinho, presidente do Sinaceg.
O investimento na formação de novos cegonheiros também é defendida pelo setor. “Muitos jovens também não têm acesso a treinamentos ou condições financeiras para obter a habilitação necessária. No sindicato, temos estudado maneiras de viabilizar a formação, por meio de parcerias com transportadoras, autoescolas, centros de treinamento”, explica Márcio Galdino, diretor regional do Sinaceg.
Feira do Cegonheiro
Além de se movimentar para evitar o apagão logístico, o setor cegonheiro também se prepara para a 25ª Expo de Transportes do ABCD, promovida pelo Sinaceg (Sindicato Nacional dos Cegonheiros) e pela Conexão Eventos. Uma das apostas do sindicato para atrair profissionais para a estrada, o evento apresentará ao público o que há de mais moderno em caminhões, implementos, acessórios, produtos e serviços para o segmento de transporte de veículos zero-quilômetro.
A Feira do Cegonheiro, como também é conhecida, acontece em 25, 26 e 27 de setembro, no Pavilhão Vera Cruz de São Bernardo do Campo (SP).
Serviço
25ª Expo de Transportes do ABCD
- Data: 25, 26 e 27 de setembro
- Local: Pavilhão Vera Cruz de São Bernardo do Campo
- Entrada: Gratuita - Se possível, traga 1 kg de alimento não perecível para doação.
- Estacionamento: Gratuito, mas as vagas são limitadas. Opte por ir ao evento de Uber ou Táxi.