Facchini

Cadeia produtiva amarga crise e piora situação de transportes de cargas

O setor de transporte de cargas sente na pele a retração da indústria e do comércio, que derrubou a demanda pelo serviço e deixou empresários no vermelho. A crise no transporte vai de carona na crise de outros segmentos, principalmente a indústria e o comércio. Para se ter uma ideia, recentemente a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) revisou sua estimativa divulgada no início do ano para 2016 e agora aponta queda de 11,48% na atividade industrial. “Grande parte dos caminhões parados no Estado são dependentes da siderurgia e da indústria de automóveis, setores que também amargam prejuízos. Não há o que transportar e quando há, o custo inviabiliza a operação porque não teremos margem”, destaca o diretor do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Ulisses Cruz.
Segundo dados do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), de 12 a 15 mil caminhões estão parados em Minas Gerais. A estimativa é de que desde o início do ano o número de demissões tenha aumentado 35% em média.
“Ao longo de 2015, o setor de transportes de carga segurou os reajustes diminuindo as margens, mas chegou a um ponto em que não dava mais. Entendemos a crise, mas tivemos que repassar custos. Agora o que vemos é que não temos nem cargas para transportar”, afirma Cruz.
Segmentos da cadeia produtiva do transporte corroboram a crise no setor. O mercado de veículos em Minas Gerais, segundo dados divulgados pelo Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), apresentou queda para o segmento de caminhões no primeiro trimestre. Se em 2015 foram emplacados 3.235 veículos no período, em 2016 foram registrados 2.106, uma queda de 34,89%.
Já a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), indica que a produção nacional de pneus de carga sofreu queda de 13,49% em 2015 em comparação com 2014. Em 2016, o primeiro trimestre teve redução de 3% nas vendas.
O setor de implementos rodoviários projeta que 2016 será pior que 2015. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), a expectativa é de vender 56,6 mil unidades neste ano, o menor patamar já registrado na história do segmento desde que as estatísticas começaram a ser feitas pela entidade.
O óleo diesel, principal insumo do setor, responsável por cerca de 30% do custo do transporte, tem apresentado altas frequentes no seu preço devido à tributação desde 2014. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis (ANP), o diesel encareceu 6,48% entre abril de 2015 e o mesmo mês de 2016, ao passar de R$ 2,823 para R$ 3,006, em média. Em março, o preço médio era R$ 3,003. Ou seja, em um mês, a alta do combustível foi de 0,9% no Estado. Na contramão, houve um recuo de 3,2% no consumo em relação ao mesmo intervalo de 2015. “É um reflexo do recuo da atividade econômica”, destaca o diretor.
“Não há investimento, não tem produção e não tem consumo. Vivemos um período de insegurança jurídica, econômica e financeira. E nesse efeito cascata, o transporte é o principal prejudicado”, conclui Cruz.
FONTE: Assessoria de Imprensa 
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