Motoristas de caminhões-cegonha irão realizar hoje manifestação contra os impactos da crise econômica. Diante da queda na demanda por veículos zero-quilômetro, a categoria diz que os fretes pelo Brasil caíram cerca de 60% no primeiro trimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros, José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, cerca de 500 motoristas deverão participar da carreata, que terá início às 10h na garagem da entidade, no bairro Batistini, em São Bernardo. De lá, o grupo seguirá para a Rodovia dos Imigrantes até a Capital, onde percorrerá o Complexo Viário Maria Maluf e a Avenida Presidente Tancredo Neves até chegar à Via Anchieta, por onde trafegarão até retornar ao ponto de partida. A previsão é a de que o protesto seja encerrado por volta das 14h. O percurso programado tem aproximadamente 80 quilômetros de extensão.
“O movimento tem o objetivo de reivindicar mudanças na política econômica para que o País volte a crescer, gerando emprego e renda para os trabalhadores”, comenta Boizinho. Entre as medidas sugeridas pelo sindicalista como capazes de retomar a atividade produtiva estão a abertura de linhas de crédito para empresas e pessoas físicas e a redução nos juros – a taxa básica do País, a Selic, está fixada pelo Comitê de Política Monetária do BC (Banco Central) em 14,25% ao ano desde julho do ano passado. Desde março de 2013 – quando estava em 7,25% –, a taxa vem subindo progressivamente. A elevação tem o objetivo de conter a aceleração da inflação. Em novembro, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial do País, ultrapassou os dois dígitos, atingindo 10,48% no acumulado de 12 meses. Vale lembrar que a meta definida pelo BC é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.
A desaceleração da economia tem como um de seus principais efeitos o aumento na desocupação: de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego na média anual passou de 6,8%, em 2014, para 8,5% em 2015. No Grande ABC, conforme a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), a taxa, em fevereiro, estava em 15,7% – a maior desde 2005, o equivalente a 219 mil pessoas.
Diante da queda na renda e da diminuição do nível de confiança do consumidor, cai também a demanda por veículos novos: segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), houve queda de 28,62% nas vendas no primeiro trimestre deste ano ante os três meses iniciais de 2015 – maior retração desde 2006. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) projeta redução de 7,5% na comercialização de unidades zero-quilômetro ao fim de 2016.
Boizinho explica que a diminuição no número de fretes – e, consequentemente, do salário – gera prejuízos aos trabalhadores, que, em muitos casos são autônomos. “Eles investem alto para ter o equipamento adequado e estar em dia com os treinamentos exigidos”, acrescenta o sindicalista. Esses motoristas prestam serviços para grandes empresas do setor de logística, como Tegma, Brazul e Transauto, terceirizadas das montadoras de veículos.
FONTE: Diário do Grande ABC