Facchini


Porto de Santos volta a registrar congestionamento

Uma semana após o governo lançar o monitoramento do fluxo de caminhões destinados a Santos (SP) - que, entre outros pontos, determina o agendamento prévio das carretas -, a principal via do porto ficou parcialmente congestionada ontem. O Valor apurou que os problemas foram causados pelo descumprimento da regra pela Caramuru, que explora o Terminal XXXIX. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da cidade, os caminhões formaram uma fila de cerca de 1,3 quilômetro nas duas faixas da Avenida Governador Mario Covas, que concentra os terminais de grãos.
Alguns caminhoneiros entrevistados pela reportagem não tinham feito a programação prévia para descarregar no terminal. Outros disseram que tinham feito, mas que ao chegarem ao porto se depararam com as vias paradas.
Daniel Messias transportava soja de Vicentinópolis (GO) para descarregar no terminal da Caramuru. Disse que, pelo agendamento, a descarga estava marcada para às 19 horas de segunda-feira, mas só chegou ao Rodopark, o pátio que funciona como pulmão de carretas do porto, em Cubatão (SP), às 14 horas de segunda e seu caminhão só foi liberado para chegar ao cais às 7h30 de ontem. Mesmo assim, às 13h30 Messias ainda era um dos últimos da fila. "O terminal chama mais caminhão do que consegue receber. Todo ano é isso. E nem é o auge dos embarques".
Segundo o presidente do Rodopark, João Ataliba Neto, não cabe ao pátio regulador manter caminhões acima do número de vagas contratadas pelo terminal. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto, informou que sua central de monitoramento detectou o problema "de imediato". A guarda portuária organizou o fluxo para mitigar danos ao tráfego, normalizado já no meio da tarde.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) disse que notificará o terminal hoje. No dia 6, a Antaq aprovou resolução que prevê sanções a quem descumprir as regras do programa de monitoramento. As multas vão de R$ 1 mil a R$ 2 mil por veículo que chegar ao porto sem programação. E de R$ 10 mil a R$ 20 mil por veículo que gerar problema às vias do porto.
Procurada, a Caramuru informou que tem priorizado a ferrovia em detrimento da rodovia na chegada ao porto, numa combinação de modais hidroviário e ferroviário desde a origem da carga até o cais. Segundo a empresa, o grande número de caminhões é uma "situação transitória" e decorrente "da suspensão intempestiva da operação da Hidrovia Tietê-Paraná, devido a atrasos na manutenção das vias de navegação".
Além da estimativa de uma safra recorde de soja, a Caramuru destacou que grande parte da comercialização da safra é realizada "muito antes do plantio", razão pela qual as empresas planejam e realizam antecipadamente as suas vendas, programando as datas de embarques.
FONTE: Portos e Navios 
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