Facchini

Caminhões Euro 0

Os caminhões conhecidos como an­teriores à legislação ambiental do Proconve foram desenvolvidos e produzidos até 1996 no Brasil, quando deram espaço para o Euro 1, menos poluente que o Euro 0. Desde então muita coisa mudou. Foram criadas novas especificações e tecnologias para garantir um ambiente mais saudável. Atualmente, o mercado está começando uma nova fase, a do Euro 5 (ou Proconve P7, no Brasil), mas isso não impede que os caminhões do século passado rodem nas estradas ou sejam comercializados pelas revendedoras Brasil afora.
Por serem mais antigos, não é toda carga que um modelo da categoria Euro 0 suporta, e sua eficiência vai diminuindo ao longo do tempo. “Grande parte dos caminhões dessa geração que eu vendo são voltados para o transporte de container, para trabalhar no porto. Ou então com cargas mais leves”, diz Ricardo Gidlio, da Estrela Trucks. O ideal para não sobrecarregar as molas nem a suspensão são cargas de até 25 000 kg, dependendo do modelo adquirido. E este é um dos problemas de manter em operação um caminhão com tal idade.
Sem querer ofender os modelos que fizeram sucesso na primeira parte da década de 1990, como Americar, Javali, Super 90, Speedster 356, mas atualmente manter um desses veículos não é exatamente fácil. É preciso selecionar muito bem quais são os fretes que transportará, a distância a ser percorrida, para não correr o risco de quebrar no meio do caminho. 
Apesar de serem resistentes, como alertou Gidlio, o peso da carga é muito importante, pois nem todo transportador trabalhará com containers. Dependendo da finalidade do transporte, opte por um modelo mais recente. Pode até sair mais caro, mas compensará nas manutenções futuras.
Sempre se ouve falar que, quanto mais velho um equipamento, mais caro será a manutenção. O motivo? A procura por peças. Quando sai de linha, a produção das peças obviamente diminui, o que encarece e dificulta encontrar o necessário para uma boa manutenção. Só que isso não acontece com um Euro 0. Gidlio considera que a manutenção de um caminhão mais recente custe mais do que a de um veículo antigo, mesmo com seus bons 17 anos “nas costas”. 
“Quando busco peças de modelos anteriores, não vejo qualquer diferença de procurar para caminhões mais novos. Em muitas ocasiões o valor equipara-se”, conta Gidlio. Os valores no mercado diferem muito. Dependendo da peça almejada, você pode gastar de R$ 10 a R$ 10 000. Como exemplo de valores, um orçamento foi realizado para o modelo Ford Cargo 2422 1995 (veja quadro abaixo), com a empresa catarinense Embrediesel Embreagens e a paulista Rialan. 
Porém, a frequência das idas e vindas da oficina mecânica podem ser maiores do que de um caminhão mais recente – o que torna mais caro, quando se coloca na ponta do lápis todos os custos para mantê-lo rodando.
Em média, os modelos dos caminhões com tecnologia defasada custam R$ 100 000 em revendedoras. Mas é muito comum encontrar alguns mais baratos em sites na internet, nos quais o dono coloca à venda por conta própria o seu caminhão. Nestes locais encontram-se veí­culos mais baratos e em bom estado, como o VW 16-170 trucado, no valor de R$ 37 000 de entrada mais 37 parcelas de R$ 1 016. No momento da compra é interessante comparar os valores em várias revendedoras e sites, esclarecendo sempre as condições de pagamento e financiamento. Alguns locais nem comercializam mais estes modelos antigos. 
Este é o caso da autorizada Scania Codema, em Guarulhos, SP. “Nós apenas ofertamos caminhões de 2006 adiante. Atualmente é complicado o comércio de modelos anteriores a este ano, principalmente pela questão de financiamento. Não são mais todos os bancos que financiam caminhão da década de 1990”, diz Daniel Dias, representante de vendas da Codema. O registro de uso destes veículos seria parte do problema. Ao serem analisados histórico, batidas e trocas de peças tudo isso contribuem para dificultar um bom financiamento. Segundo Dias, nem sempre o caminhão tem as peças originais, o que refletirá no acordo para o pagamento. Os juros também são um entrave para o comprador, estando em alta no momento. Por isso, é aconselhável esperar os custos das taxas baixarem para comprar um novo equipamento, seja para um novo ou não. Com esta pesquisa de mercado será possível detectar o melhor momento para trocar o seu Euro 0 por um Euro 3 usado, que custa em média R$ 200 000, de acordo com Dias. “Esta é uma época complicada para financiar qualquer modelo de caminhão, mas o Banco Panamericano oferece juros de 2% à 2,5%,”, afirma Gidlio.
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