Facchini

Falta de capacitação reduz contratações de motoristas na região


Apesar de as empresas de ônibus e transporte de cargas anunciarem constantemente a necessidade de novas contratações, um quesito muito importante está impedindo que estas vagas sejam preenchidas: a falta de motoristas especializados e capacitados com a nova tecnologia dos veículos que estão sendo adquiridos pelas grandes empresas do setor. 
De acordo com o presidente do Sinditac (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Volta Redonda e Região Sul Fluminense), Francisco Wild Bittencurt Ferreira, os caminhões e ônibus que saem das fábricas estão mais sofisticados e informatizados, exigindo maior capacitação dos condutores e dificultando o recrutamento. Com isso, algumas empresas sofrem prejuízos com a falta de mão de obra, pois muitos de seus caminhões ficam parados por falta de motoristas. Dessa forma, muitos empresários têm de contratar serviços terceirizados ou repassar a carga para profissionais autônomos, reduzindo os lucros. 
Segundo Wild, o total de caminhoneiros autônomos na região chega a 1.800, com os terceirizados respondendo por 84% do transporte de cargas no Brasil.
- Atualmente o custo operacional de uma transportadora gira em torno de 18%, com o terceirizado recebendo em torno de 65 a 70% do valor do frete - declarou.
O presidente do Sinditac explica que os cursos de capacitação costumam ser bancados pelas empresas que vendem os caminhões.
- O único serviço que o sindicato realiza é orientar os motoristas a adquirir o Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (RNTRC) - afirmou.

Investimento em qualificação
Para o diretor presidente de uma empresa de transporte de cargas de Barra Mansa, Cláudio Manes, a falta de motoristas afeta todo o país. Graças ao aquecimento da economia, os empresários foram forçados a expandir a frota, e com isso houve uma diminuição proporcional de profissionais capacitados. Hoje em dia os veículos possuem rastreadores de satélites e sistema de comunicação, o que exige um melhor preparo por parte dos profissionais. 
- A nossa empresa criou uma escola de capacitação para motoristas com palestras e cursos de direção defensiva. Após todos os procedimentos de admissão, os novos contratados percorrem distâncias curtas ao lado de um motorista mais experiente durante três meses. Depois esta distância vai aumentando trimestralmente até adquirir experiência e começar a viajar sozinho - explicou.
Segundo Manes, a companhia possui 14 veículos parados, aguardando o término do curso de capacitação, o que força a contratação do serviço de terceiros - cerca de 200 por dia, além dos 360 pertencentes à frota.

Sindicato confirma falta de profissionais
Segundo o presidente do Sulcarj (Sindicato das empresas de Transporte de Carga e Logística do Sul Fluminense), José Marciano de Oliveira, a maior dificuldade das transportadoras é conseguir motoristas para caminhões pesados, pois, neste caso, é preciso passar por um processo de aprendizado maior: os veículos estão aumentando de tamanho e capacidade de carga. 
- Muitas vezes as empresas contratam até mesmo se o funcionário não possuir a experiência necessária, mas isso não pode acontecer. É uma função de muita responsabilidade e que coloca a vida de pessoas em risco - alertou.

Capacitação é o melhor caminho
Atentos ao problema, o Sulcarj, Sindpass (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros) e o Sest/Senat elaboraram um Projeto de Formação Profissional para Condutores, onde todos os motoristas que possuem habilitação categoria "D" ou "E" podem participar gratuitamente. O curso é dividido em duas etapas: a teórica, ministrada na Sede do Sulcarj por um instrutor credenciado pelo Detran (Departamento Estadua de Trânsito), e a prática, que é dada pelo Sest/Senat. Os candidatos aprovados são indicados para as empresas da região. 
Os interessados poderão entrar em contato com o Sulcarj pelo telefone 3323-2655 ou se dirigindo até o sindicato, na Rua Contador Cícero Cunha, número 25, no Centro de Barra Mansa.
- Tanto as transportadoras quanto as empresas de ônibus estão desenvolvendo internamente o mesmo trabalho feito por nós. Algumas empresas também vêm criando campanhas e promovendo benefícios, premiações e treinamentos internos - explicou José Marciano.
FONTE: Diário do Vale 
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