O trecho mais perigoso de uma rodovia federal do país - o da BR-316, entre os municípios de Belém e Benevides -, segundo levantamento feito no ano passado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), deverá ganhar um novo complexo viário para acabar com os engarrafamentos quilométricos que acontecem diariamente, prejudicando a vida de cerca de 2 milhões de moradores da Região Metropolitana de Belém.
Na semana passada, em Brasília, durante audiência com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, o deputado federal José Priante (PMDB-PA) apresentou a ideia da construção de duas rodovias, ambas com 25 quilômetros de extensão - uma delas paralela à BR-316, saindo de Benevides e que, ao entrar em Belém, seria ligada à avenida Perimetral até o Campus da UFPA, no Guamá, enquanto a outra, também partindo de Benevides, chegaria ao Outeiro.
As duas novas estradas desafogariam o complicado trânsito da região pela BR-316, hoje a única via de acesso e de saída de Belém e por onde trafegam diariamente cerca de 50 mil veículos. Nascimento acolheu a iniciativa de Priante e determinou à Diretoria de Planejamento do Dnit a imediata elaboração de projetos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, além do projeto executivo rodoviário do complexo. Esses projetos vão dar ao Ministério dos Transportes os subsídios necessários para avaliar o empreendimento, que o ministro considera plenamente viável dentro das metas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da presidente Dilma Rousseff.
O ministro prometeu cobrar rapidez na elaboração do projeto. “Com o crescimento acelerado da frota de veículos e com o povoamento da área próxima à rodovia no trecho entre Belém, Ananindeua e Benevides, a tendência é aumentar ainda mais os congestionamentos, multiplicando os transtornos e os prejuízos à população e à economia das cidades da região”, argumentou o deputado.
RESPONSABILIDADE
Priante explicou a Nascimento que, por se tratar de uma rodovia federal, cabe ao Ministério dos Transportes promover melhorias na zona urbana da BR-316, como vem fazendo em outras capitais atendidas por vias federais, a exemplo do Rodoanel de São Paulo, do Arco Rodoviário do Rio de Janeiro e da Via Expressa do Porto de Salvador. Essas experiências serviram de modelo ao deputado para propor a construção das Vias Expressas de Belém.
A proposta altera o traçado original da BR-316 com a construção de duas vias paralelas, momentaneamente denominadas de Via Expressa Norte e Via Expressa Sul. Pela proposta, cada via teria 25 quilômetros de extensão, pistas duplas, ciclovias e ficariam distante 4 quilômetros do traçado da BR-316. As vias expressas envolveriam a Região Metropolitana de Belém, criando rotas alternativas que, a partir da capital, desembocariam em Benfica e Benevides.
VIAS
A Via Expressa Norte seria construída entre Benfica e o Terminal Portuário de Outeiro (porto da Sotave), passando pelos distritos industriais de Icoaraci e Ananindeua. Essa via, segundo Priante, além de descongestionar o trânsito na região do Entroncamento, passaria a ser a principal rota de acesso de caminhões de carga ao porto da Sotave, viabilizando esse terminal como o maior complexo portuário da capital.
Já a outra rodovia, a Via Expressa Sul, ligaria diretamente Benevides à avenida Perimetral, em Belém, chegando às proximidades da Subestação da Eletronorte, no bairro do Guamá. Essa via criaria nova rota para bairros com grande densidade populacional, como Guamá, Jurunas, Terra Firme e Condor, facilitando também o acesso a núcleos como a Universidade Federal do Pará, a Universidade Federal Rural, a Embrapa e a pequenos portos daquela área. A Via Expressa Sul teria ainda ligação com a Alça Viária, ampliando as alternativas de tráfego aos motoristas.
Obra reduziria 70% do tráfego na BR-316
A estimativa é de que as duas novas rodovias absorvam cerca de 70% do tráfego de automóveis, ônibus, caminhões, carretas e outros tipos de veículos automotores pela zona urbana da BR-316. São cerca de 35 mil veículos que sairiam da BR-316 e passariam a circular pelas Vias Expressas, descongestionando totalmente o trânsito na entrada e saída de Belém.
Só o fato de não termos centenas de veículos pesados circulando diariamente nas principais ruas da cidade já será um grande salto de qualidade no trânsito de Belém. As Vias Expressas, segundo Priante, podem também contribuir para conter o avanço da ocupação urbana sobre as áreas às margens dos três rios abrangidos pelo novo traçado da BR-316: Guamá, Curuçambá e Maguari.
As novas vias formariam uma barreira de proteção entre a zona já povoada e as áreas próximas a esses rios, bloqueando a expansão urbana. Essa conquista ambiental também será analisada pelo Dnit. Após a audiência com o ministro, o deputado avaliou que o despacho de Nascimento para que o Dnit elabore os projetos técnicos é o primeiro grande passo rumo ao fim dos gigantescos engarrafamentos na entrada de Belém.
“A boa aceitação da proposta pelo ministro é um excelente indicativo de que o Ministério dos Transportes está sensível aos problemas da BR-316 e empenhado em buscar soluções”, disse Priante, ressaltando que não há ainda prazo para a conclusão dos projetos nem o valor da obra, o que será estimado pelo Dnit.
Mas ele considera a obra financeiramente viável em função do tamanho de cada linha (25 quilômetros), da baixa ocupação dos terrenos a serem desapropriados e dos impactos positivos sobre o trânsito da Região Metropolitana de Belém. “Não é uma obra faraônica. É uma obra compatível com os recursos do PAC e que com certeza merecerá a simpatia e o apoio do governo do Pará”.
NÚMEROS
50 mil - É a quantidade média de veículos que trafegam diariamente pela BR-316. A estimativa é que as vias expressas reduziriam este tráfego em 70%.
FONTE: Diário do Pará