Um estudo feito durante uma semana pelo Dnit na BR-101/Sul, em Pernambuco, indicou uma realidade preocupante: 100% dos caminhões examinados transportavam excesso de peso. Numa ação que durou dez dias no mesmo estado, a Polícia Rodoviária Federal autuou mais de um milhão de toneladas de cargas excedentes e chegou a constatar caminhões transportando quase o dobro do peso permitido. Abusos como esses não só danificam as estradas como fragilizam os freios dos veículos, contribuindo para aumentar a incidência de acidentes graves.
Em Pernambuco, há 12 rodovias federais, mas os equipamentos para fiscalizar esse tipo de abuso se restringem praticamente à BR-232, que conta com dois postos fixos e cinco móveis. Há outra balança na BR-116, à altura do município de Salgueiro, no sertão. A BR-101, a mais movimentada do estado, está totalmente descoberta. Ela dá acesso a centros de produção, como o complexo industrial portuário de Suape - que fica no litoral sul - e é a rodovia cujas margens apresentam maior concentração de indústrias. Também corta a região canavieira, onde é intenso o transporte de cana e sacas de açúcar. Mas não conta com uma só balança.
Em um trecho recentemente duplicado, a rodovia apresentou afundamento de pista um ano após a conclusão dos serviços. O problema chamou a atenção dos técnicos e engenheiros do Dnit, já que o material utilizado seguia os padrões recomendados para a obra.
- Passamos uma semana com uma balança móvel na BR-101, à altura do município do Cabo de Santo Agostinho e próximo a Ipojuca. E descobrimos que 100% dos veículos examinados viajavam com excesso de peso. E o abatimento da pista era justamente do lado direito, por onde trafegam os veículos pesados - alerta o engenheiro Emerson Valgueiro de Morais, supervisor de Operações Rodoviárias do Dnit em Pernambuco e instrutor do Instituto de Pesquisas Rodoviárias do Dnit.
Ele cita estudos segundo os quais veículos com 30 por cento de excesso de peso reduzem em 70 por cento a vida útil da rodovia.
Na BR-101 fica o trecho mais movimentado das rodovias federais no estado. Entre Igarassu e Cabo de Santo Agostinho, o volume de veículos chega a 60 mil por dia. Mas não há balança para fiscalizar carretas e caminhões. Morais reconhece a falha, mas diz que o problema será resolvido com o fim das obras de duplicação :
O inspetor Eder Rommel, assessor da PRF, afirma:
- Realmente o excesso de peso é indutor de acidentes. Já tivemos engavetamentos muito sérios provocados por caminhões transportando cargas irregulares.
FONTE: O Globo