Facchini

Para abril o Actros mineiro

A Mercedes avisou que pretende começar a montagem do Actros em abril. Por caprichosa coincidência, quando a invenção do caminhão completa 115 anos. O feito é atribuído a Gottlieb Daimler, que como se sabe, associou-se depois com Carl Benz para fundar a hoje Mercedes-Benz. Assim, o produto topo de linha da marca começará a ser fabricado segundo o processo CKD, ou seja, a partir de conjuntos enviados da Alemanha. Oferecer produto importado não interessa à montadora, já que este não se enquadra nas exigências para os atraentes financiamentos da Finame. Mas o fabricante antecipa a meta de 44% de nacionalização até o final de 2011 e 60% a partir de então.
Não será fácil. O Actros é formulado por ‘ ingredientes’ sem parentesco próximo no Brasil. É o caso do motor OM 501 LA, de inéditos – para nós – seis cilindros em V. Está nessa o câmbio Powershift G 281-12, de automação integral. A cabine tem estampos comuns com a do Axor, restando, porém, maiores possibilidades de fornecimento local com itens de chassi, suspensão, freio e eixos traseiros, os HD 7 e HL 7, montados também em modelos da linha Axor.
Sabendo das dificuldades para reunir peças e componentes nacionalizados, há quem duvide que o Actros mineiro seja o mesmo alemão, mas fonte da Mercedes garante: será o clone do que sai em Wörth, Alemanha. Para neutralizar a desvantagem com relação à Finame, a fábrica está carregando a mão no Consórcio Rodobens, que, combinado com outros recursos, prevê a venda de 1.500 unidades antes de janeiro chegar, segundo a Mercedes. Bem menos do que ela fala em produzir em Juiz de Fora, a partir de 2015. Seriam 50 mil/ano, só de Actros.
Se tal foi planejado nas pranchetas de São Bernardo e Stuttgart (Alemanha), o então esmorecido juiz-forano só pode bater palmas. Desde décadas, esforços de toda ordem tentaram resgatar a histórica Manchester mineira das tecelagens abundantes, mergulhada na retração econômica. A intenção era atrair outras indústrias para a região, sendo a última, a própria Mercedes, no início de 1999. Instalações primorosas de 2,8 milhões de metros quadrados, erigidas no subúrbio de Barreira do Triunfo, destinavam-se à fabricação do automóvel Classe A, mas ficaram empacadas. Entre outros motivos, por causa do dólar, que subiu em ritmo expresso, elevando o preço do carro para cerca de R$ 40 mil ou o dobro da previsão do projeto.
Para o mercado local de mão-de-obra é que não prevaleça o nome do bairro e o Actros triunfe como sucesso de vendas e, por desdobramento, de geração de emprego e renda. Nos planos da Mercedes, serão criados 1,5 mil postos de trabalho diretos e 6,5 mil indiretos, com formação de um cinturão de fornecedores nas vizinhanças da fábrica. Já menos embalados estão os planos da montadora de fabricar também em Juiz de Fora o Accelo, que é uma linha de caminhões leves, rondando as 6 toneladas de PBT.
NOTÍCIA ANTERIOR PRÓXIMA NOTÍCIA