Facchini

Teste com ônibus e caminhões apontam para o potencial dos veículos autônomos

Em torno de toda a expectativa que há com relação aos veículos autônomos -- aqueles que dispensam motoristas -- há a dúvida sobre as transformações que essa tecnologia trará ao transporte público, na locomoção de bilhões de pessoas, e no transporte comercial, de cargas. Caminhões-robô e ônibus que "dirigem sozinhos" não são exatamente 'tão sexy' quanto o carro do Google. A tecnologia, no entanto, está aí e os testes levantam questões sobre o impacto na rotina de milhões de pessoas que se descolam nas grandes cidades. 
Na semana passada, a Daimler fez testes com um caminhão sem motorista em uma auto-estrada em Stuttigart, na Alemanha. O veículo foi chamado de Mercedes-Benz Actros. Logo depois veio o anúncio da fabricante chinesa Yutong, que tem testado ônibus autônomos.
Segundo a revista Wired, no teste realizado entre as cidades chinesas Zhengzhou e Kaifeng, um ônibus percorreu uma viagem de 20 milhas (32 km), passando por 26 sinais de trânsito e realizando diversas mudanças de faixa. Tudo sem qualquer humano no comando.
A Wired diz que a Yutong não revelou muito sobre qual tecnologia está utilizando, mas disse que o ônibus usa laser, radar e sistemas de câmera para conseguir posicionar cada veículo na direção e orientação correta. A Daimler, por exemplo, afirmou que a sua tecnologia utiliza uma câmera que lê as linhas da pistas, consegue localizar os radares e obstáculos até 234 metros à frente de sua posição. 
A Wired analisa que, por mais que esses testes mostrem bons resultados, ainda ficam devendo em relação ao desempenho de protótipos mais avançados de carros autônomos. O carro do Google, por exemplo, percorre 1 milhão de milhas em estradas públicas e reconhece a proximidade de ciclistas por exemplo (vale lembrar, no entanto, que não é 100% seguro).
O protótipo da Audi (A7) percorre 500 milhas sem qualquer orientação humana. Já os planos da Volvo incluem colocar 100 consumidores em carros autônomos percorrendo estradas suecas em 2017.
Os testes da Daimler e da Yutong, no entanto, já apontam para o potencial que essa tecnologia pode ter em termos de impacto no transporte comercial e público. Até então, essa discussão girava fundamentalmente em torno do transporte individual.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o setor de transporte rodoviário enfrenta uma escassez grave de motoristas ao mesmo tempo que a demanda dos e-commerces só cresce, ou seja, esse tipo de transporte ganha cada vez mais encomendas. 
No trânsito caótico das grandes metrópoles, ônibus sem motoristas poderiam gerar mais eficiência no deslocamento geral -- especialmente em áreas sem faixa exclusiva. Dentro de dois anos, segundo a Wired, o aeroporto de Bruxelas planeja lançar um projeto piloto utilizando ônibus sem condutor para transporte de passageiros e dos funcionários. Já no Japão, o primeiro-ministro Shinzo-Abe, anunciou na semana passada uma modificação da lei de circulação japonesa atual, que estabelecia que os veículos devem ter motorista. Com a mudança, carros sem motoristas poderão circular pelas ruas de Tóquio em 2020.
Resta saber se a tecnologia realmente deixará os descolamentos mais seguros e eficientes. 
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