Facchini

Atenção à família do transportador é diferencial em empresa de logística

A gestão de pessoas se torna cada vez mais estratégica para as empresas que querem melhorar o desempenho e os resultados. Na empresa de logística Transpes, especializada em movimentar cargas com tamanhos, pesos e volumes especiais, o desenvolvimento de projetos voltados aos colaboradores tem comprovado isso, garante o presidente da companhia, Sandro Gonzalez.
A Transpes foi eleita, em 2016, a “Empresa do Ano” pelo Guia Você S/A – As 150 melhores empresas para você trabalhar. Em entrevista à Agência CNT de Notícias, Sandro Gonzalez fala sobre as ações desenvolvidas para aumentar o comprometimento dos funcionários com as metas da empresa e destaca as que ampliaram a atenção às famílias dos motoristas. 

Quais são as estratégias adotadas pela Transpes na gestão de pessoas que deram a ela o título de melhor empresa para se trabalhar pela publicação da revista Você SA?
Nesses 50 anos da empresa, completados no ano passado, nós sempre tivemos como valor o cuidado com os profissionais. Isso está impregnado no nosso DNA. A gente procura traduzir esse valor em políticas estratégicas junto do nosso RH, que é bem atuante. Assim, desenvolvemos projetos de cuidado da pessoa, da família. A maioria da massa funcional é formada por motoristas, pessoas que viajam. Então identificamos que se tivéssemos um cuidado com a família, principalmente esposa e filhos, isso traria um conforto e um bem-estar muito grande enquanto ele está longe. 

E como fazem isso?
Para isso, criamos o Projeto Acolhimento, há cerca de cinco anos. A primeira vez que vencemos como melhor empresa para se trabalhar no setor foi em 2014, e foi esse projeto que chamou a atenção da revista Você S/A. Esse é um trabalho que dá apoio e suporte à família do nosso motorista – à esposa e aos filhos, principalmente – no aspecto educacional, de saúde e psicológico. Promovemos uma aproximação deles com a empresa. Por exemplo, no Dia da Mulher, trazemos as esposas dos motoristas para cá, temos palestras, mostramos o que o marido faz, como ele trabalha, colocamos ela para conversar com o marido no sistema de rastreamento do veículo. O motorista se sente muito enobrecido com essa atitude. No caso dos filhos, preferencialmente preenchemos as vagas de estágio, do programa Jovem Aprendiz e de trainee com filhos dos nossos funcionários. Em outubro, no Dia das Crianças, trazemos os motoristas e os filhos de até 12 anos para a empresa. Eles andam de caminhão, conhecem o trabalho do pai, tem brincadeiras. São ações simples, com as quais você aproxima a família da empresa, e isso traz um bem-estar muito grande ao profissional. Ele se sente mais integrado, engajado, valorizado. E recentemente lançamos um novo projeto, de apoio financeiro ao funcionário. Pelo momento que o Brasil passa, existe um endividamento muito forte e muitas pessoas não têm o conhecimento necessário para uma negociação ou mesmo para elaborar um orçamento doméstico. Como uma pessoa endividada fica ansiosa, sofre com insônia, com depressão, nós procuramos uma forma de ajudá-los a evitar isso: colocamos a equipe financeira, quem que tem essa expertise, para fazer consultoria individualizada com nossos profissionais e com a família. Eles ensinam a criar desde um orçamento familiar, uma planilha do que se gasta, do que se ganha, como gerir isso, até, em casos mais complexos, como negociar uma dívida com consórcio, operadora do cartão de crédito, banco, agente financeiro. É um apoio para norteá-los. 

Quais os efeitos disso para a empresa?
Isso faz uma diferença muito grande, porque a gente acredita que um funcionário feliz produz mais, trabalha com energia e desempenho diferentes. A gente tem identificado que os nossos índices de desempenho têm melhorado: os de acidentes têm reduzido, a rotatividade também... Todos os indicadores estratégicos que toda empresa de transporte acompanha têm uma sinalização de melhora quando a gente cuida da vida e tem um RH mais voltado para a família. A eficiência operacional aumentou e até o absenteísmo, que é algo crítico de forma geral no mercado de trabalho, diminui. Normalmente, diante de qualquer coisa, a pessoa arruma um atestado de três, quatro dias. Mas, aqui, as pessoas querem trabalhar. 

Como a gestão de pessoas está posicionada, estrategicamente, para a empresa?
A gestão de pessoas é ligada diretamente à presidência, para você ver a relevância do que chamamos de RH estratégico, com o desenvolvimento de projetos e acompanhamento dos indicadores que temos como importantes, semanal e mensalmente, no desenvolvimento dessas políticas. Temos que ter esse acompanhamento, senão a coisa se perde. 

A Transpes tem políticas de desenvolvimento profissional?
Dentro do RH estratégico temos o PDI, que é o Plano de Desenvolvimento Individual do funcionário. A gente checa as competências, faz avaliação individual, damos um feedback. Se tem pontos que precisam ser melhorados, vamos fazê-lo para que ele se transforme em um profissional melhor.
Como se dá a implantação de novas tecnologias pela empresa e a preparação dos colaboradores para trabalhar com elas?
A tecnologia é um ponto importante. Procuramos implementar as mais inovadoras, capacitando a nossa turma, com modelos de telemetria, gestão dos ativos e, principalmente, muito treinamento para ter aderência à tecnologia. Porque a gente percebe que às vezes a tecnologia existe, mas ela não é utilizada. Então fazemos o desenvolvimento do pessoal para o uso da tecnologia embarcada. 

De que forma o senhor acredita que essas ações dão, à empresa, um valor adicional?
Sem dúvida é um diferencial, porque o que faz diferença nas organizações são as pessoas. Não são os ativos e nem os números. As grandes organizações são destacadas pela inteligência e pela gestão feita pelas pessoas, pelos processos que são desenhados pelas pessoas, pela execução dos serviços que são realizados pelas pessoas. Então, se a gente valoriza as pessoas e tem um cuidado especial com elas, a gente entende que todo um conjunto de processos, de segurança, de qualidade, de desempenho, vai ser executado de melhor forma, e isso faz toda diferença. Nas empresas, em geral, a tecnologia embarcada é a mesma, você não pode dizer que a empresa tem um caminhão, uma empilhadeira ou um guindaste que é exclusivo. A tecnologia está disponível para todo mundo. O que faz diferença é o comportamento humano, a forma como você percebe o atendimento e o trabalho da empresa, tanto ao cliente interno quanto ao externo. 

O que vocês procuram nos profissionais que contratam?
Um profissional que tenha essa aderência aos nossos valores, que queira construir uma carreira de longo prazo. Completamos 50 anos no ano passado e temos, conosco, funcionários que estão há 30 anos na Transpes. É o profissional moderno, de comprometimento, energia, inteligência emocional, que sabe lidar com conflitos. Não adianta a pessoa ser boa individualmente, tem que saber trabalhar em equipe. São variáveis às quais damos um peso grande, além da capacidade em lidar com problemas, com estresse, ser respeitoso com as pessoas. Nos cargos de chefia, ser firme, mas saber cobrar de uma forma correta, honrosa, respeitosa. Não tem mais aquele negócio ‘faz o que eu quero porque eu estou mandando’. Isso ficou para trás. 
FONTE: Agência CNT 
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