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Caminhoneiros protestam para descarregar laranja na Cutrale

Pelo menos 150 caminhoneiros fizeram um protesto no pátio da empresa Cutrale, que fica a cerca de 5 km da fábrica, em Araraquara, na região de Ribeirão Preto, na noite de anteontem. O motivo era a extensa fila formada para o descarregamento da laranja.
Só os caminhões contratados pela própria empresa estariam descarregando com rapidez, assim que chegavam. Vários caminhoneiros terceirizados por citricultores estavam na fila desde terça-feira.
A empresa alega que o mercado de sucos está aquecido e a fábrica está no limite máximo de sua produção, mas não revela números por motivos estratégicos de mercado.
Depois do protesto, dezenas de caminhões descarregaram a partir da madrugada de ontem.
"Me chamaram para descarregar às 5 horas e saí da fábrica às 8 da manhã, para fazer novo carregamento perto de Brotas", disse o caminhoneiro Fernando Aielo, de Ribeirão Bonito.
Aielo chegou ao pátio (chamado de Chiqueirão pelos motoristas, que reclamam de falta de sanitários) às 16 horas de terça-feira e garante que a média de espera para que o caminhão seja descarregado é de pelo menos 36 horas.
Vestiários. A empresa nega a precariedade do local e diz que existem sanitários e vestiários para banho dos motoristas, além de que a fila geralmente demora 24 horas nas fábricas.
Os motoristas dormem nos próprios caminhões, enquanto aguardam a vez da descarga, que é por ordem de chegada, segundo a Cutrale.
O protesto gerou um acordo. Na madrugada de ontem entravam para descarga cinco filas de caminhões terceirizados (12 cada uma) e a partir da manhã entrariam veículos de uma em uma fila, ou seja, uma dos terceirizados e outra da empresa.
O acordo, porém, vale até 5 horas da madrugada da próxima segunda-feira, dia 23. "Se isso não for mantido na próxima semana, poderemos protestar novamente", garante o caminhoneiro Adenilson Fernando Dezecchi, de Cerqueira César.
Ele chegou a Araraquara às 20 horas de quarta-feira e na manhã de ontem ainda esperava para efetuar o descarregamento da laranja. Até o final da tarde, ele ainda não havia conseguido descarregar o produto.
Chegada. O diretor corporativo da Cutrale, Carlos Viacava, informou, por meio da assessoria de imprensa, que o recebimento da fruta segue o critério de chegada e está tomando precauções para evitar privilégio de caminhões oriundos de fazendas da própria empresa.
A Cutrale argumenta que a concentração de caminhões ocorreu porque houve amadurecimento precoce da atual safra, coincidindo com o período de seca (com cerca de 120 dias sem chuva na região).
Esse problema teria provocado a queda de frutas e obrigado a rapidez na colheita, além de ataques de pinta preta - uma doença que acomete culturas cítricas.
FONTE: Estadão
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